Crítica - O Filme da Minha Vida - Engenharia do Cinema
O escritor chileno Antonio Skármeta é responsável por obras clássicas da literatura que foram aptadas para o cinema, como “O Carteiro e o Poeta” e o mais recente longa do diretor, ator, roteirista e produtor Selton Mello, “O Filme da Minha Vida”. Confesso não consegui ver esta obra nos cinemas em um primeiro momento, por questões de falta de tempo hábil. Eis que finalmente em um intervalo tive a possibilidade de assisti-lo, e devo confessar que este realmente se demonstrou um ótimo diretor brasileiro.
A história acompanha o jovem Tony (Johnny Massaro), que de repente é abalado pela inesperada partida de seu Pai (Vicent Cassell) para sua terra natal na França. Eis que anos se passaram aquele continua confiante que este voltará para casa. Dando aulas de Frances em uma escola e nutrindo uma paixão por Luna (Bruna Linzmeyer), ele nunca deixou de expressar sua paixão pela sétima arte: o cinema.
A direção de Mello ganha pontos favoráveis logo nos primeiros minutos, pois ele evita em ficar explicando constantemente através de diálogos o que está acontecendo em cena. Tudo é visto regado as sequencias e enquadramentos realizados pelo próprio diretor. A fotografia com uma pastilha bronzeada remete a época dos anos 30, aos quais o longa se passa, e que nos transpõe uma sensação melhor de imersão.
Agora partindo para as atuações, devo confessar que o protagonista vivido por Massaro realmente é o verdadeiro nome de peso. Sem muito diálogos em momentos chaves, as expressões do ator vendem o que realmente o personagem está sentindo, sem necessitar apelar para momentos novelescos (que vem ocorrendo e muito no gênero). O mesmo se deve dizer de Cassel, que consegue (mesmo que um pouco arranhado) falar um português, que lhe arranca mais uma ótima atuação em sua filmografia. Infelizmente não se pode dizer o mesmo de Mello e Linzmeyer, pois ambos possuem papeis chaves que são poucos explorados e executados em cena. Quanto ao alivio cômico vivido por João Prates, as vezes surge meio fora de contexto e acaba prejudicando um pouco o andamento da narrativa devido ao excesso de repetição da mesma piada.
“O Filme da Minha Vida” é uma prova de que o cinema nacional finalmente está alcançando seu ápice, seja através dos roteiros ou da cinematografia executada pelos seus diretores. RECOMENDO!
Imagens: Reprodução da Internet.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.