Joon-ho Bong se tornou um dos diretores mais polêmicos da Coréia do Sul, por um motivo simples: seu filme “Okja”, foi o primeiro da Netflix, a ser exibido no Festival de Cannes. Sofrendo enorme boicote por parte dos presentes, o cineasta passou maus bucados naquela edição de 2017. Mas por coincidência do destino, ele voltou ao mesmo neste ano, com seu novo longa “Parasita”. Surpreendendo a todos, ele faturou o prêmio principal, que é a Palma de Ouro. E devo confessar: ele MERECEU!

A trama é bem original e única, e é difícil ver uma outra crítica neste enredo, a não ser a social. A história mostra o jovem Kim Ki-woo (Woo-sik Choi), que é surpreendido com a aparição de um parente distante, pelo qual lhe propõe o substituir como professor de inglês, de uma jovem de classe alta. Ele aceita, mas quando ele se depara com o estilo de vida da família desta, começa a colocar sua própria família (que vive em condições extremamente precárias) para trabalhar na casa. Mas para isso, eles começam a entrar em diversas contradições com os funcionários atuais.

Bong realmente sabe trabalhar o contexto dos conflitos de ambos estilos em paralelo, de uma forma original. Nada de frases de efeitos ou musicas desconexas. Tudo aqui é traçado com paralelos dos próprios personagens, sendo que em algumas das vezes eles próprios antecipam algo que estar por vir, de forma sutil (vou me abster de exemplificar, para não entrar em território de spoilers).

O suspense é composto mais por questões do jogo de câmeras, pelos quais Bong extrapola o uso dos enquadramentos, fazendo aquele sentimento brotar no espectador. Por exemplo, quando personagem X está em tal situação, Y, está no mesmo enquadramento em outra ação.

Agora partindo para as atuações, não existe uma que tenha destaque, pois todos conseguem possuir o seu momento e isso é transposto muito bem (algo que é bem difícil neste tipo de filme, é trabalhar todos os seus personagens).

“Parasita” já se mostra como um forte candidato ao Oscar de filme estrangeiro, em 2020, além de ser um dos melhores e mais originais longas dos últimos anos. Não dou cinco anos, para Hollywood já fazer uma cópia…

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.