Crítica - Sonic: O Filme - Engenharia do Cinema
Depois de inúmeras produções cinematográficas inspiradas em games terem falhado, e o visual do Sonic não ter sido aprovado por ninguém, a Paramount Pictures resolveu adiar “Sonic: O Filme” para fevereiro de 2020. O motivo era bem simples: transformar o visual do personagem de uma forma que ficasse bem similar ao que ele sempre foi conhecido. Como um gamer que viveu os anos 90, devo ressaltar que senti calafrios ao ver o logo da SEGA (produtora de games responsável pelo Sonic) ser mostrado antes do inicio da produção.
A história mostra Sonic vivendo normalmente em uma pequena cidade estadunidense. Mas após ele “acidentalmente” causar um blecaute de níveis internacionais, começa a ser perseguido por diversas agências de espionagem e principalmente pelo Dr. Ivo Robotnik (Jim Carrey). Junto ao policial Tom Wachowski (James Marsden), ele parte em uma jornada para tentar restabelecer a situação.
A coisa mais óbvia desde que foi lançado o primeiro trailer de “Sonic: O Filme”, era que depois de um hiato de seis anos, finalmente veríamos Jim Carrey em um personagem digno de seu histórico e que ele roubaria a cena do protagonista. Isso é fato, pois os melhores momentos da produção caem no colo do próprio Carrey (que notoriamente improvisou em diversas cenas). Seu Robotnik é engraçado, bizarro, estranho, dark (algo que ele já passava nos jogos) e com alguns toques do historiador Marco Antonio Villa (quem o ouve na rádio Jovem Pan, se lembrará de imediato). Mas o show se da quando ele se encontra com o Sonic, pois realmente parece estarmos vendo uma interação dentre o “Coiote/Papa-Léguas”.
E esse é o principal mérito da direção de Jeff Fowler (que foi indicado ao Oscar pelo curta animado “Gopher Broke“, em 2005), onde ele retrata a narrativa como se fosse um “desenho animado”, por isso em alguns pontos o filme não se leva a sério. Mas isso não impede o roteiro de Patrick Casey e Josh Miller terem seus furos. Em alguns momentos eles parecem ter optado pelo caminho “bobo”, para o longa render uma trama (o Sonic é um velocista, não precisava ficar a maior parte do filme sentado em um banco de carona). Mas estes descuidos sempre são sobressaídos com piadinhas, músicas ou até mesmo cortes para o humor pastelão de Carrey, com o objetivo de esconder estes descuidos.
Vale ressaltar que os efeitos visuais na criação do mundo do Sonic, e das cenas de ação estão muito boas. Inclusive tem a mão do brasileiro Fellipe Beckman (que já fez longas como “Detetive Pikachu” e “Malévola 2”), dentre um dos responsáveis.
“Sonic: O Filme” foi uma grata surpresa e um grande acerto da Paramount Pictures, neste inicio de ano. Que venha uma franquia cinematográfica do personagem, pois todos nós já queremos!
Obs: Há uma cena pós créditos finais animados, onde muitos fãs irão a loucura!
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.