Pensem em um estúdio bastante azarado. Depois dos fracassos com o público e crítica de “Cats” e “Os Órfãos”, a Universal Pictures nos brinda com o terceiro filme seguido neste mesmo padrão. “Dolittle” é uma prova que Robert Downey Jr. precisa escolher bem seus projetos, e aquele precisa urgentemente rever o desenvolvimento de suas produções. Recentemente alguns membros da produção do citado alegam que o diretor Stephen Gaghan não possuía um bom tratamento com a equipe, e foi substituído às pressas por Jonathan Liebesman (“As Tartarugas Ninja”), para comandar as novas filmagens que duraram 21 dias (tendo novos arcos escritos por Chris Mckay). Pelo visto estamos falando de mais um filme feito à base de confusões.

Realmente “Dolittle” é a clássica história do médico que conversa com os animais. Porém não se trata de uma refilmagem direta do longa estrelado por Eddie Murphy nos anos 90, mas sim de “O Fabuloso Dr. Dolittle”, de 1967. Agora interpretado por Downey Jr., ele vive de forma isolada e acaba tendo seu descanso interrompido para ajudar a Rainha Victoria (Jessie Buckley), que está gravemente doente e precisa ingerir um fruto existente em uma ilha remota para sobreviver. Acompanhado de seus animais e do seu jovem e novo ajudante Tommy (Harry Collett), eles partem em uma jornada para tentar salvar a Rainha.

O principal problema desta refilmagem é o fato do excesso de descaracterização do roteiro de Gaghan, Dan Gregor, Doug Mand e McKay, com cenas e momentos extremamente clichês, banais e desinteressantes. O fato de termos a pior atuação de Robert Downey Jr. (que está possuindo um sotaque forçado e estranho), um vilão genérico interpretado por Michael Sheen e uma ponta do recém indicado ao Oscar Antonio Banderas, mostra o quão jogaram um potencial sucesso no lixo.

E isso porque ainda não entrei no mérito dos efeitos visuais e no desenvolvimento dos animais (que possuem piadas bobas, que certamente são voltadas apenas para o público bem infantil mesmo). Sendo dublados por atores como Tom Holland, Rami Malek, Marion Cotillard, Emma Thompson, Ralph Fiennes e Octavia Spencer, vemos que eles não tinham realmente noção das armas que tinham em mãos, e literalmente apostaram no nome destes como chamariz também. Além de não serem bem feitos em alguns momentos (fica notório o uso de CGI, em alguns deles quando estão contracenando com os atores).

Se você possui crianças com menos de oito anos, provavelmente será uma pedida interessante, pois ela irá focar apenas nos animais falantes e não notará absolutamente nada que percebemos. Caso contrário, “Dolittle” é mais um longa que deve ser evitado.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.