Crítica - O Farol - Engenharia do Cinema
Tremendo sucesso no final do último ano no circuito cult, o longa “O Farol” parece ser um filme para o grande público, mas não é. Comandando por Robert Eggers (que também assinou o roteiro com Max Eggers), a produção é uma clara homenagem aos primórdios do cinema, onde não se haviam muitos recursos e cenas de horror eram feitas com truques de câmera ou até mesmo de atuação.
A história gira em torno do jovem Thomas Howard (Robert Pattinson), que é contratado para cuidar da organização e limpeza de um farol a beira-mar. Dividindo a moradia e às tarefas com o misterioso e excêntrico Thomas Wake (Willem Dafoe), ele só possui uma proibição: jamais deverá adentrar na sala da luz do farol.
Com uma tela na metragem de 1.19 : 1 (a mesma usada nas primeiras produções cinematográficas), totalmente em preto e branco e com uma trilha sonora agonizante, claramente voltamos aos anos de 1920/1930 com esta produção. Através das atuações de Pattison e Dafoe, conseguimos adentrar ainda mais no cenário desenvolvido, pois aos poucos ambos vão ficando completamente desconstruídos e malucos pela fraca rotina exercida por lá. Sem dúvidas nenhum dos dois foram subestimados nas premiações aos quais foram indicados nas categorias de atuação.
Porém algumas coisas acabam atrapalhando um pouco a narrativa, como cenas aleatórias e algumas homenagens aos cinemas clássicos de Béla Lugosi e Alfred Hitchcock, pois por mais de notáveis aos mais cinéfilos, elas acabam fugindo um pouquinho da premissa.
“O Farol” é uma verdadeira carta de amor ao cinema de horror dos anos 20/30, pelo qual merece ser conferida por quem ama a sétima arte.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.