Quem cresceu nos anos 80 ou 90, certamente deve ter conferido inúmeras vezes o sucessivo “Karate-Kid: A Hora da Verdade“, nas exaustivas reprises da “Sessão da Tarde”. Apesar de ter tido um sucessivo reboot com Jackie Chan e Jaden Smith, em 2010, o pai deste Will Smith, resolveu com sua produtora continuar a história do clássico nos dias atuais.

Imagem: Sony Pictures Television/Youtube (Divulgação)

Porém ele apresentou uma narrativa completamente diferente da habitual, onde vemos as vidas de Daniel LaRusso (Ralph Macchio) e Johnny Lawrence (William Zabka) nos dias atuais e os traumas que a vitória do primeiro na luta do original, acarretaram na vida de ambos. Sem rumo certo na vida, Johnny acaba resolvendo reabrir a polêmica escola de Karate “Cobra-Kai” e isso acaba trazendo um antigo trauma na vida de Daniel, à tona.

Imagem: Sony Pictures Television/Youtube (Divulgação)

É ai que está o grande diferencial desta série, pois em momento algum vemos o protagonista dos longas originais como o “herói” ou “o grande samaritano”. Vemos o quão seu comportamento pode ser inócuo ou até mesmo pior que o próprio Johnny, só para conseguir o que tanto almeja. Enquanto este, ainda vive com os traumas do passado, inclusive pela constante pressão que sofria no passado na primeira escola do “Cobra-Kai”.

Ás atuações de ambos são o carro forte da série, pois eles parecem ser inimigos fortes do passado e a cada momento, o roteiro ainda nos apresenta diversas surpresas, pois há o clássico “passamento da tocha” (que não vou detalhar, para não perder a graça). Eis que vemos como as diversas tramas paralelas se encaixam com a central, pois elas servem para abordar o lado humano dos personagens e é uma forma para criarmos afeição com eles (inclusive para poder julga-los, la na frente).

E enquanto às homenagens ao finado personagem Sr. Miyagi? O seriado faz isso com maestria, e ele é visto não só pelo próprio personagem Daniel como um “Deus”, como também a própria narrativa o retrata desta maneira. Com direito à alguns flashes rápidos de cenas do primeiro longa (que servem para exemplificar algumas situações também).

Com 10 episódios de 30 minutos cada, a primeira temporada de “Cobra-Kai” é uma divertida nostalgia que nos faz matar estes de uma única vez.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.