Crítica - Mulan (2020) - Engenharia do Cinema
Uma das principais vítimas dos adiamentos pela pandemia do coronavírus, o longa “Mulan” acabou sendo lançado diretamente pelo serviço streaming do Disney+. Causando muitas polêmicas seja pelas decisões tomadas pela diretora Niki Caro (“O Zoológico de Vaskova“) ou pela própria atitude da Disney em lançar o filme direto em seu serviço, a questão é que independentemente das discussões, o longa se mostrou o mais fraco e menos marcante de todos os live-actions da recente empreitada da Disney.
Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação)
A história é a mesma da animação, onde a jovem Mulan (Yifei Liu) resolve se infiltrar no exército chinês, para poder seguir seu sonho de ser uma enorme guerreira e defender seu país. Apesar deste escopo ser o mesmo, a narrativa estabelecida pelo roteiro procura se inspirar na clássica lenda da personagem (pelo qual faz muito sucesso na cultura chinesa). Quem procurava encontrar uma trama marcante e bastante alegórica (como foi o caso dos recentes “A Bela e a Fera” e “O Rei Leão“), sinto lhe informar que aqui você não vai achar nada disso.
Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação)
A começar que não há um momento marcante, ou alguma identidade que faça “Mulan” ganhar sua marca nesta nova empreitada da Disney. Tudo parece ser mais um mero e simples filmes sobre “batalhas chinesas”. Por mais que a equipe bole diversas desculpas para justificar a troca do icônico personagem Mushu, por uma Fênix (que soa bem aleatória, quando aparece) ou a ausência de músicas, o próprio roteiro acaba caindo em contradição por inserir uma bruxa chamada Xianniang (Li Gong), cujo arco não faz sentido e muito menos chegamos a entender qual lado ela está lutando exatamente.
Mas alto lá, o filme possui uma imensa e elogiável qualidade nos quesitos técnicos. Seja o design de produção que é bem trabalhado, ou até mesmo o figurino bastante chamativo e belo (com certeza irá figurar dentre os indicados ao Oscar 2021), vemos que a Disney estava confiando e bastante no projeto. Já os efeitos visuais são bons em partes, pois nas cenas de batalha é notável que a atriz Liu foi inserida na pós-produção e estava filmando tudo na frente de uma tela verde (já que essas cenas ficaram bem mal feitas).
“Mulan” é um dos piores live-actions já realizados pela Disney, onde não conseguiu obter sua marca própria e se consagrou como mais um mero filme de batalha chinesa.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.