Crítica - Enola Holmes - Engenharia do Cinema
Este é mais um dos casos de produções que seriam lançadas nos cinemas, mas por conta da pandemia do coronavírus acabou indo direto para o serviço streaming, no caso da Netflix. Apesar de soar como conhecida, a história de “Enola Holmes” foge um pouco do que vinha sido apresentado no universo de Sherlock Holmes no cinema, pois o foco decai em cima de sua irmã mais nova Elona (Millie Bobby Brown).
Imagem: Netflix (Divulgação)
Por conta própria a personagem resolve procurar o paradeiro de sua mãe Eudoria (Helena Bonham Carter), que desapareceu misteriosamente. Tendo o apoio moral de seu irmão Sherlock (Henry Cavill) e caindo completamente em contradição com Mycroft (Sam Claflin), ela embarca em uma missão completamente maluca e se envolve em um caso envolvendo a realeza britânica.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Com inspiração na série de livros escritos por Nancy Springer (no caso apenas o primeiro volume), o roteiro de Jack Thorne aplica algumas mudanças para enaltecer algumas questões atuais, como a crescente batalha dentre o conservadorismo e o feminismo. Porém o roteiro pecou um pouco em constantemente colocar essa questão como a principal pauta, e usar a questão da quebra da quarta parede (realizada sempre por Enola) em grande parte para ela apenas ficar falando o “quão ela é independente e não precisa de ninguém mandando nela”. O problema não é ela ter dito isso, mas como o roteiro joga isso constantemente na cara do espectador, como se às atitudes dela não já estivessem mostrando isso e ela já tivesse deixado isso explicito de todas às formas no primeiro ato.
Com relação ao elenco, Bobby Brown está excelente no papel protagonista e em poucos minutos já compramos sua personagem, e quando ela se encontra com Cavill vemos outro ator que está a vontade no papel (apesar de vermos uma versão completamente diferente de Sherlock, pois agora ele aparece apenas como um “mentor”). Porém o problema decai em algumas questões dos efeitos visuais mal aplicados, onde em alguns arcos de suspense e até mesmo estes interessantes encontros, acabam “estragando o clima”, pois o uso de “fundo verde” fica bastante nítido.
“Enola Holmes” e uma divertida adaptação que consegue trazer de volta à tona, divertidas produções de aventura para toda a família, como não havia há tempos no cinema.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.