Crítica - A Fraternidade é Vermelha - Engenharia do Cinema
Neste segundo filme da trilogia das cores, realizado pelo cineasta polonês Krzysztof Kieslowski, “A Fraternidade é Vermelha” digamos que conseguiu ser o mais popular de todos, e inclusive rendeu três indicações ao Oscar (melhor diretor, filme estrangeiro e fotografia). Não só pelo seu aspecto técnico, mas também por conta de sua trama com toques polêmicos e representações em cima da cor vermelha (que podem ir muito mais além da “Fraternidade”).
Imagem: Imovision (Divulgação)
Não vou adentrar muito na trama, pois mesmo sendo um filme com quase 30 anos, eu não quero estragar a surpresa dos que ainda não assistiram. Ela mostra a jovem modelo Valentine (Irène Jacob), que após atropelar acidentalmente a cadela do aposentado juiz Joseph (Jean-Louis Trintignant), começa uma grande amizade com o próprio.
Imagem: Imovision (Divulgação)
Em poucos minutos de projeção Kieslowski faz forte uso da tonalidade vermelha em diversas coisas, seja nos ensaios de Valentine, nas decorações dos cenários e até mesmo nas vestimentas dos personagens. O significado delas podem ser várias coisas, mas o principal é com relação ao autoritarismo, pois temos vários personagens que realizam jogos de poderes para conseguirem suprir seus desejos e carências. Tais atitudes sempre foram acompanhadas pela cor vermelha ao longo da história.
Agora partindo para a questão do roteiro e das atuações, realmente Jacob e Trintignant possuem uma ótima química e convencem bastante como amigos, e cada vez mais ficamos interessados pelas motivações deste e o que levaram a viver daquela forma. Porém, diferente do primeiro volume da trilogia, este apela mais para os diálogos e a execução dos enquadramentos sob a cor vermelha, para indicar o que vem na história.
“A Fraternidade é Vermelha” consegue ser o melhor filme da trilogia das cores de Kieslowski, e independentemente da época ainda consegue render ótimos debates por conta de seu desfecho.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.