Crítica - Era Uma Vez Um Sonho - Engenharia do Cinema
Este é o típico filme voltado para ganhar vários prêmios e é tachado facilmente como um “Oscar Bait”. Dirigido por Ron Howard (que é um cineasta já consagrado) e tendo como coadjuvantes as atrizes Amy Adams e Glenn Close (cada uma com mais de sete indicações ao Oscar e nunca terem ganhado), com uma trama baseada em um best-seller. Sim, você já deve ter ouvido este comentário em vários outros veículos. Porém, serei curto e grosso: não é um filme ruim, dentro da proposta dele!
Imagem: Netflix (Divulgação)
Com inspiração no livro de J.D. Vance (que em 2016 se tornou um enorme best-seller nos EUA), a história gira em torno de suas memórias na infância com fatos que ocorreram em sua vida no ano de 2011. Ele mostra o quão sua vó (Glenn Close) foi uma mulher especial na conturbada relação dele com sua mãe (Amy Adams), que era viciada em drogas e constantemente possuía diversos surtos psicológicos.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Sim, temos aqui um filme que se segura pela atuação das atrizes citadas. Deduzo facilmente que se não tivessem escalado alguém do porte de ambas, estaríamos facilmente com um longa “mais do mesmo”. Com uma maquiagem que literalmente desconstrói a imagem glamourosa que ambas carregam e atuações sequer ficam na famosa “zona de conforto”, a briga fica grande para decidirmos quem está melhor dentre Close e Adams. Há uns três momentos pelos quais vemos que a primeira realmente consegue roubar a cena e conseguimos ter um carinho pela personagem entendendo seu pensamento e atitudes. Enquanto a segunda fica mais complexa, pois, o tempo todo ela está lutando contra o próprio psicológico.
Infelizmente o roteiro de Vanessa Taylor não consegue ser dos melhores, pois entope de situações conhecidas do gênero de drama familiar, frases de efeito e momentos pessimamente abordados (como o penúltimo ato de JD, na época de adolescência). O mesmo pode-se dizer de Howard, que apelou para algumas situações novelescas, com uma trilha sonora de David Fleming e Hans Zimmer regada a situações no automático.
“Era Uma Vez Um Sonho” não acaba sendo um filme ruim como falam, mas ele consegue emocionar e prender nossa atenção durante suas quase duas horas de execução.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.