Festival Varilux/Crítica - Donas da Bola - Engenharia do Cinema
Com exibição dentro do Festival Varilux, este “Donas da Bola” tem uma ideia um tanto que interessante, mas que acaba se perdendo na hora de abordar e tentar transpor algo que ele não está sendo. Digo isso, pois o roteiro de Mohamed Hamidi (que também assina a direção), Camille Fontaine e Alain-Michel Blanc, tenta nos vender uma comédia (que não tem quase graça) e uma exploração no perfil de diversos personagens pelas quais não temos interesse.
Imagem: Gaumont Presse (Divulgação)
A história gira em torno do treinador de futebol Marco (Kad Merad) que, após ser demitido do comando de seu time, tem a inusitada ideia de criar uma equipe apenas com jogadoras femininas. Mas o principal problema é que elas irão competir na liga masculina, fazendo várias polêmicas virem à tona.
Imagem: Gaumont Presse (Divulgação)
Apenas com essa premissa citada você já deduz que vários assuntos serão pautados nesta narrativa e levará uma interessante discussão para além das salas de exibição, certo? Errado! Aqui nós temos uma narrativa que procura retratar mais a vida pessoal de várias jogadoras do time, de forma rasa e desinteressante (como a personagem de Sabrina Ouazani, a presidiária Sandra, que em momento algum conseguimos nos interessar ou até mesmo entender direito suas motivações para ter sido presa). Sim, a diretoria do campeonato está no lado óbvio da situação (alegando que é realmente impossível o time competir em determinado campeonato, por questões cientificas), mas além de ser rasa essa retratação, o tempo todo eles são tratados como os vilões (enquanto eles estão apelando APENAS para fatos).
Mas como estamos falando de uma comédia com duração de 95 minutos, o ato final é extremamente apressado para nos apresentar as soluções e mandar o espectador para casa. Algumas decisões e conclusões acabam não fazendo sentido algum e a sensação de preguiça no roteiro é eminente.
“Donas da Bola” tenta trazer à tona uma discussão polêmica, mas graças a um roteiro mediano e uma narrativa banal, acaba se perdendo por completo.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.