Crítica - Soul - Engenharia do Cinema
Inicialmente previsto para ser lançado no Festival de Cannes deste ano e posteriormente nos cinemas, o longa “Soul” acabou sendo direcionado diretamente para o catálogo do Disney+, com estreia oficial no Natal. Com toques já conhecidos da qualidade Disney/Pixar, não preciso abordar que essa história fará quaisquer marmanjos suarem pelos olhos.
Imagem: Walt Disney Pictures/Pixar (Divulgação)
A história gira em torno do músico Joe, que após ser contratado pela escola que trabalha e estar prestes a tocar em um show importante, acaba sofrendo um acidente e tem sua alma “deslocada” de seu corpo. No “limbo”, a eclética (mas pessimista) alma 22 acaba sendo escalada para lhe ajudar a encontrar seu corpo na Terra.
Imagem: Walt Disney Pictures/Pixar (Divulgação)
O roteiro de Pete Docter, Kemp Powers (estes dois assinam a direção também) e Mike Jones remetem a uma trama que se assemelha bastante ao sucesso “Divertida Mente“, porém, facilmente podemos dizer que “Soul” realmente tem sua alma por conta do carisma dos personagens. A caracterização de Joe e 22 é tão bela e divertida que conseguimos ter carinho por eles (e termos mais interesse para acompanhar suas trajetórias). O mesmo pode-se dizer pelos personagens que lhes cercam, onde eles não só são humanos, mas também nos fazem refletir sobre a situação da “vida pós à morte” (vide o arco no cabeleireiro, que foi uma das melhores cenas do filme).
O design de produção realmente é muito bem realizado (tanto que, em algumas tomadas no apartamento de Joe parecem serem feitas em live-action e não em computação gráfica) e vemos o grande empenho da Pixar nestes últimos longas. Uma pena mesmo que o lançamento ficou apenas em streaming, pois, nos cinemas (ou até mesmo na qualidade da mídia física), isso seria mais notável facilmente.
“Soul” é um dos mais belos e simples filmes da Pixar e que certamente conseguirá não só render a vitória no Oscar de 2021, na categoria de animação, como também conseguirá uma indicação como melhor filme de 2020.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.