Crítica - Azul é a Cor Mais Quente - Engenharia do Cinema
Vencedor da Palma de Ouro, no Festival de Cannes em 2013, “Azul é a Cor Mais Quente” é visto como um dos mais polêmicos filmes da década. Com cenas de sexo que beiram ao explícito, o longa chegou a ser banido em alguns países e foi alvo de várias discussões durante anos. Escrita e dirigida por Abdellatif Kechiche, a obra até hoje é apreciada por vários cinéfilos (como este que vos fala). Mas a questão é “era necessário ter tais cenas citadas?”. A mais sincera resposta perante a isso é “não”.
Imagem: Imovision (Divulgação)
A trama gira em torno da adolescente Adèle (Adèle Exarchopoulos) que, na época do colegial, vive uma enorme crise com relação a sua sexualidade. Apesar dela se relacionar com um colega de escola, ela sempre teve desejos pela misteriosa Emma (Léa Seydoux).
Imagem: Imovision (Divulgação)
Estamos falando de um filme cujo plano de fundo é a sexualidade de uma adolescente, aos quais, hoje em dia, é um tema bastante normal de ser debatido publicamente (basta ligar em qualquer programa matinal que você irá se deparar com o assunto). Ciente desta mudança na época, Kechiche procura focar a história na perspectiva de Adèle, de uma certa maneira, que acabamos vivenciando tudo que é mostrado. Em momento algum ele poupa abordar e mostrar diversas coisas seja no sexo (cujas cenas poderiam não ser explicitas, como mostradas) ou até mesmo nos pensamentos eróticos da personagem.
Realmente, a atuação da dupla protagonista é muito impactante e elas convencem mesmo como um casal apaixonado e com seus problemas de casais. Só que como estamos falando de uma produção com quase três horas, os últimos 50 minutos se passam apenas em festas e comemorações (que facilmente poderiam ser editados para terem 20 minutos) e isso acaba fazendo o espectador perder o interesse pela narrativa (já que ela passa a ficar mais parada).
“Azul é a Cor Mais Quente” é um dos principais longas do cinema LGBT, pelo qual poderia ter sido um pouco mais editado para alcançar um público maior e mais diverso.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.