Crítica - Cidade Invisível (1ª Temporada) - Engenharia do Cinema
Criada por Carlos Saldanha (responsável pelas animações de sucesso como “Rio” e “A Era do Gelo“), o novo seriado nacional da Netflix “Cidade Invisível” pode facilmente ser definido como “Os Vingadores Brasileiros“. Digo isso com total convicção, pois a trama mescla todas as lendas folclóricas de nosso país em meio de uma determinada situação, que os fazem se unirem contra algo pior.
Imagem: Netflix (Divulgação)
A história gira em torno do investigador Eric (Marco Pigossi), onde após o misterioso falecimento de sua esposa Gabriela (Julia Konrad) ele passa a investigar o verdadeiro motivo do ato, de uma forma obcecada. Eis que aleatoriamente ele encontra um boto cor de rosa morto em uma praia, pelo qual aos poucos ele começa a desconfiar que ambos os casos possam ter uma ligação.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Já começo alertando de imediato que esta produção é voltada apenas ao público que costuma gostar de ver assuntos sobre o nosso folclore. Apesar de vermos figuras conhecidas como o Saci (vivido por Wesley Guimarães e que rouba a cena), Currupira, Cuca (Alessandra Negrini) e Sereia Iara (Jéssica Córes), o roteiro não busca relatar a origem deles, mas sim o fator de como eles já estão unidos para combater o que está vindo. Então alguns espectadores podem se sentir estranhados por conta disso, e principalmente ao verem eles usando codinomes e formas humanas ao invés de suas nomeações e formas “reais” (algo comum em produções de super-heróis).
Quando eles se encontram, a maioria das cenas são realizadas dentro do “esconderijo da Cuca” ou em periferias, cujo design de produção assinado por David Parizotti é feito de forma aparentemente simples, mas transpõe o quão a cultura brasileira é bela em suas retratações. O mesmo pode-se dizer da fotografia assinada por Glauco Firpo e Kaue Zilli, que através de uma tonalidade amarelada nos passa a sensação de “estarmos em uma festa junina”.
Com sete episódios, a primeira temporada de “Cidade Invisível” mostra que a cultura brasileira ainda tem muita coisa para ser contada. Porém não chega a ser uma porta de entrada, para quem não a conhece ainda.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.