Crítica - Army of The Dead: Invasão Em Las Vegas - Engenharia do Cinema
Há cerca de 10 anos o cineasta Zack Snyder estava tentando realizar o longa “Army Of The Dead: Invasão Em Las Vegas“, e após vários estúdios não quiserem bancar o projeto e diversas desavenças com a Warner Bros, ele conseguiu acertar com a Netflix para realizar o filme. Sendo sua primeira produção no universo de Zumbis desde “Madrugada dos Mortos“, a plataforma resolveu lançá-la logo após o tremendo sucesso de “Liga da Justiça de Zack Snyder” e transformou em um dos seus carros chefes deste ano. Só que independentemente estamos falando em um longa que sofre por causa de uma coisa simples: seu roteiro.
Imagem: Netflix (Divulgação)
A história gira em torno do mercenário Scott Ward (Dave Bautista) que acaba sendo procurado pelo empresário Bly Tanaka (Hiroyuki Sanada), para uma missão inusitada. Resgatar uma bilionária quantia em dinheiro, dentro de um cofre localizado embaixo de um prédio na cidade de Las Vegas. Isso seria simples, se o local não tivesse sofrido com uma contaminação zumbi e ter se transformado em uma cidade pós-apocalíptica comandada pelos próprios. Para isso Scott reúne o mais eclético time para realizarem esta missão suicida.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Os fãs de Snyder já irão notar que o diretor teve total liberdade criativa para concepção do filme. Desde a abertura sob o som de uma versão remixada de “Viva Las Vegas” por Bill Newlin e Junkie XL (este é um constante parceiro do cineasta e cuidou da trilha sonora aqui também), que resume toda a história de contaminação e destruição de Las Vegas (com direito a muito sangue ação, em menos de três minutos). Isso sem falar que ele inseriu algumas homenagens a suas produções antecessoras como “300”, “Watchmen” e até mesmo “Liga da Justiça” (com direito a uma indireta para os constantes conflitos entre Joss Whedon e Gal Gadot, por intermédio da “Zumbi Amazônica” com o segurança abusivo), que servem como fan services cabíveis na trama.
Só que na concepção do roteiro que foi escrito pelo próprio Snyder com Shay Hatten e Joby Harold, eles realizam algumas escolhas burras, para dar mais duração e arcos para o longa (cujas soluções o próprio filme apresenta, se auto coloca como “burro”). Realmente duas são inaceitáveis (não vou citar para não entrar em spoilers, mas elas afetam e muito a conclusão), e para piorar ele opta por deixar uma atmosfera aberta para uma franquia na própria Netflix (inclusive já foram confirmados alguns spin-offs). Sem dúvidas os últimos 40 minutos destroem tudo que havia sido feito nos outros 108 minutos.
Mas não estamos falando de uma bomba total, muito pelo contrário, pois o filme diverte e muito. Seja através de personagens como o arrombador de cofres Dieter (Matthias Schweighöfer), e o jeito canastrão de Dave Bautista (que aos poucos se transforma em um dos grandes nomes do cinema de ação). As cenas de ação são muito bem feitas, sempre regadas a slow-motion (marca de Snyder), com muito gore e realmente prendem o espectador na trama.
“Army Of The Dead: Invasão Em Las Vegas” não é o melhor filme de Zack Snyder, mas realmente o roteiro consegue transformar o seu possível mais divertido longa em um filme de ação/terror comum.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.