Crítica - Resident Evil: No Escuro Absoluto (1ª Temporada) - Engenharia do Cinema
Após o sucesso estrondoso do remake de “Resident Evil 2” nos consoles de videogames, a Netflix e a Sony Pictures trataram de começarem a trabalhar em produções cinematográficas do selo (para aproveitar o momento grandioso da marca). Enquanto o novo reboot cinematográfico feito pela segunda chega aos cinemas em setembro, a primeira tratou de encomendar duas produções distintas em formatos de seriado: uma em formato animado e outra em live-action. “Resident Evil: No Escuro Absoluto” foi anunciado em meados do ano passado e prometia ser um dos carros chefes do serviço neste ano, só que a medida que a estreia ia chegando ficou notório que o mesmo não estava apostando mais no projeto. Com divulgações escassas (inclusive é difícil encontrar um poster vertical em alta definição, no Google) e poucos comentários nas redes, não foi uma surpresa ver que esta primeira parte contém apenas quatro episódios com cerca de 22 minutos cada (totalizando menos de 90 minutos).
Imagem: Netflix (Divulgação)
A história se passa após os eventos do quarto e quinto “Resident Evil: Biohazard“, onde Claire Redfield e o agente Leon S. Kennedy acabam se vendo em uma investigação que envolve uma misteriosa transação entre os EUA e a China. Só que à medida que eles avançam nas mesmas, se deparam com novas mutações do vírus que transformam os seres em zumbis.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Começo destacando que o roteiro de Hiroyuki Kobayashi (um dos responsáveis pela franquia desde o jogo de 2002 para Game Cube, e também esteve envolvido na franquia de filmes estrelados por Milla Jovovich) é um dos mais confusos e rasteiros que já vi em tempos. Ele deduz que o espectador já estava ciente do cenário apresentado e nos apresenta os personagens em perfis totalmente diferentes do que havíamos visto até mesmo nas animações antecessoras. Enquanto Claire mal aparece (e assume uma persona clichê da “jornalista irritante”, sendo que ela nunca foi assim), Leon consegue ser gado tanto do Presidente dos EUA, como da personagem Shen May (essa então consegue ser uma coadjuvante que não faz sentido de existir, junto com sua subtrama que é porcamente executada).
Isso sem citar que claramente a produção deve ter sofrido bastante na pós-produção, pois além do ritmo da série ser bastante acelerado nos episódios (mal piscamos os olhos e já está no próximo), a sensação que houveram cortes abruptos para “encurtar o falatório” é perceptível. Vale lembrar que ainda não destaquei o estilo da animação, cujo CGI é o mesmo usado nos games, ou seja, muitas tomadas que não necessitam de detalhes abruptos, estão claramente inacabadas (alguns personagens humanos caminham como robôs, inclusive).
Em seu desfecho a série “Resident Evil: No Escuro Absoluto” deveria realmente permanecer no escuro e não ter visto a luz do dia, até os envolvidos conseguirem ter entregado uma trama mais extensa e pertinente com o padrão de qualidade da mesma. EVITE!
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.