Crítica - Cinderela (2021) - Engenharia do Cinema
Após vários adiamentos e uma fraca campanha de marketing pela Sony Pictures, o estúdio resolveu vender os direitos de exibição da sua nova versão de “Cinderela” para a Amazon. Chegando agora ao Prime Video (e com uma tremenda campanha de marketing), essa produção chega com a premissa de ser “um musical de ‘Cinderela’ englobado com músicas Pop de sucesso”. Embasado em uma ideia do apresentador estadunidense James Corden, o roteiro e direção de Kay Cannon (“Não Vai Dar”) mostra que este é aquele típico projeto que não deveria ter saído do papel.
Imagem: Amazon Prime Video/Sony Pictures (Divulgação)
Na trama, enquanto Cinderella (Camila Cabello) tenta conquistar seu sonho de ser uma costureira de sucesso, o herdeiro do trono o Príncipe Robert (Nicholas Galitzine) não quer seguir a função do seu Pai, o Rei Rowan (Pierce Brosnan). Este está vivendo uma enorme crise no casamento com a Rainha Beatrice (Minnie Driver), que quer ser mais livre e independente.
Imagem: Amazon Prime Video/Sony Pictures (Divulgação)
A história original de Cinderela foi concebida e lançada em 1812, pelos irmãos Grimm, e na época haviam muitos arcos que englobam a realidade da dupla. Ela foi modificada por Walt Disney, em 1950, para que o arco ganhasse um enredo mais familiar (mas ainda sim com situações vividas naquela época). Ciente disto, a cineasta Kay Cannon concebe seu roteiro tentando encaixar a trama no debate atual sobre a independência feminina. Datadas as circunstâncias das gerações, é plausível ela querer mudar, porém em momento algum ela acaba convencendo em sua concepção.
A começar que algumas atitudes dos personagens (principalmente os homens) soam totalmente como “imbecis” dentro do contexto (como uma discussão entre o casal real, sobre uma divergência mínima no tamanho dos seus tronos), já outros acabam sendo totalmente forçados como o arco da própria Cinderela e o Príncipe. Cabello pode ser uma boa cantora pop, mas ela não é uma boa atriz, e também não possui química alguma com Galitzine (que está péssimo em todos os sentidos).
Apesar destes descuidos, os números musicais estão bem conduzidos (com direito a faixas como “Somebody to Love“, “Material Girl” e “Am I Wrong“), mas devido a falta de originalidade é difícil falar que vai acabar marcando ou até mesmo entretendo que está buscando apenas ver números musicais (afinal dos quase 100 minutos de exibição, parecem que se tornam três horas).
No final das contas, percebemos que a Sony foi inteligente demais ao vender para Amazon os direitos de exibição de “Cinderella“, evitando assim o possível fracasso de bilheteria que este projeto seria para o estúdio.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.