Crítica - Sex Education (3ª Temporada) - Engenharia do Cinema
Quando lançada em meados de 2019, a série “Sex Education” logo se transformou em um dos carros chefes da Netflix. Abordando como plano de fundo questões envolvendo puberdade, sexo e descobertas intimas, era quase impossível nenhum espectador se identificar com o que era visto em tela. Estrelado por Asa Butterfield (“Hugo Cabret“), Gillian Anderson, Emma Mackey, Ncuti Gatwa e Aimee Lou Wood, estes três primeiros se transformaram em nomes bastante conhecidos na indústria. Prevista para ser lançada no início deste ano, esta terceira temporada sofreu por conta das paralisações das gravações em decorrência da pandemia. Chegando agora em setembro, sentimos que ainda há muito o que se explorar nos personagens residentes de Moordale.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Consequências. Essa é a palavra ideal para descrever este novo ano do seriado, que já começa demonstrando que todos os personagens estão encarando sérias situações tomadas em decorrência de algumas atitudes vistas na última temporada. Após a desastrosa apresentação teatral na escola de Moordale, com várias conotações sexuais, o diretor Michael Groff (Alistair Petrie) foi demitido e substituído pela rigorosa Hope (Jemima Kirke); Otis (Buttlerfield) agora está vivendo um relacionamento de “amizade colorida”; Sua mãe, Jean (Anderson) agora tem de enfrentar a gravidez inesperada do fruto de seu relacionamento com Jakob (Mikael Persbrandt); Maeve (Mackey) ainda nutre tristeza em relação à Otis, devido ao conflito deles. Não vou adentrar em mais detalhes sobre cada um dos personagens, pois como sabemos, a trama foca em diversos caracteres diferentes ao invés de um único.
Imagem: Netflix (Divulgação)
O roteiro continua trabalhando bastante o desenvolvimento de seus personagens, mas ele acaba pecando um pouco no quesito de inserir novos nomes em um enredo onde já há vários tipos de situações e dos mais diversos tipos de pessoas. Aparições como as de Jason Isaacs (irmão de Michael), não acabam atraindo atenção e até mesmo peso para o desenvolvimento da temporada. Estão lá apenas para falar “olha quem trouxemos! A série está crescendo!” (quando isso não era necessário ser feito e até mesmo comprovado).
Mas como se trata de uma temporada com oito episódios, com quase cinquenta minutos em cada capítulo, a equipe está ciente que há bastante tempo para abordar diversos assuntos e fazer um parâmetro com a questão da vivência atual. Discussões sobre censura, preconceito e diferenças sociais estão bem inseridas no contexto da diretora Jakob (onde Persbrandt está muito boa como a grande vilã, roubando até mesmo a cena), mas quando a série apela para algumas com toques de humor, acaba fugindo um pouco da realidade que estava sendo abordada (não vou adentrar em spoilers, mas há uma situação totalmente impossível de se acontecer em uma escola, na vida real).
Como na adolescência há diversas questões polêmicas e que são vistas como “tabus”, o roteiro e direção tomam o exímio cuidado para não terminar como uma pornochanchada vista em séries como “Elite“. Os assuntos continuam sendo abordados (com cenas de insinuação de sexo mais leves, desta vez), e alguns deles nos fazem refletir sobre “como esse pessoal faz para viver?” (em momentos como o tópico da mudança de gênero).
Em relação aos protagonistas, digamos que todos eles estão evoluindo bastante e mais desafios são impostos para eles nesta temporada. Por isso já deixo alertado, que muitos deles sofrem uma montanha russa de sentimentos, ou seja, se prepare para se emocionar ou rir durante vários dos episódios.
A terceira temporada de “Sex Education” deixa claro que ainda há muitas histórias para serem contadas na cidade de Moordale.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.