Crítica - Querido Evan Hansen - Engenharia do Cinema
Este é mais um dos famosos casos onde Hollywood tenta adaptar uma famosa peça da Broadway para os cinemas. Vencedora de vários prêmios Tony e Emmys, “Querido Evan Hansen” foi responsável por revelar o ator Ben Platt (“The Politician“) e levar ele ao estrelato. Partindo desta premissa os produtores resolveram trazer o mesmo para a versão cinematográfica da mesma, assim como o roteirista Steven Levenson (que escreveu a dramaturgia original junto de Justin Paul e Benj Pasek). Mostrando assuntos sérios e pesados como depressão e suicido, confesso que o diretor Stephen Chbosky (“Extraordinário”) foi bastante infortúnio em resolver tratar este longa como um musical.
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
Na trama o adolescente Evan Hansen (Platt) possui vários problemas psicológicos ligados à ansiedade, depressão e etc. Tendo uma vida bastante solitária na escola, ele acaba se esbarrando acidentalmente com o problemático Connor (Colton Ryan), que leva consigo uma carta que aquele escreveu para sua psicóloga. No dia seguinte, os pais deste (Amy Adams e Danny Pino) comparecem em sua escola alegando que este se suicidou, e acharam em seu bolso a tal carta. Acreditando que ambos eram amigos, Evan repara que terá de comprar a mentira para não ferir a família do finado colega.
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
Após retratar esta premissa do longa, confesso que você ficou bastante surpreso pela tamanha temática que a obra aborda. Não sendo um musical composto apenas por canções em 100% da metragem, as mesmas são executadas apenas homeopaticamente e sempre nos momentos mais dramáticos e tensos da produção. Apesar disto significar que “estamos falando que você deve ficar sempre alegre nos momentos difíceis”, quem confere a produção não consegue comprar isso em momento algum (já que soa como bizarro ver uma discussão séria sobre depressão e suicídio, terminar com uma melodia musical animada).
Conhecido por ter feito grandes produções sobre a época da adolescência como “As Vantagens de Ser Invisível” (que inclusive ele também escreveu o livro que inspirou o filme) e “Extraordinário”, Chbosky fez seu projeto mais raso. Não há aprofundamento em torno da relação entre Evan e as pessoas em sua volta. Apenas o foco é este e a família de Connor, enquanto o resto é mostrado de forma homeopática. Quando é a hora de mostrar o resto, não há nenhum tipo de aprofundamento.
Mas não estou falando de uma bomba, muito pelo contrário. Realmente a produção consegue captar a emoção e reflexão que ela procura passar em seu escopo. Realmente os mais sensíveis vão conseguir se emocionar e alguns até podem se identificar com a vivência dos personagens de Amy Adams (Cynthia) e Kaitlyn Dever(Zoey)
“Querido Evan Hansen” poderia ter sido uma produção mais ácida e menos banal na retratação de seus assuntos. Quem procura uma diversão reflexiva, irá gostar. Agora quem procura algo mais profundo, irá se decepcionar.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.