Crítica - Noite Passada em Soho - Engenharia do Cinema
Quando nós cinéfilos ouvimos falar do nome Edgar Wright, logo vem à mente produções de qualidade e que homenageiam algum estilo cinematográfico. Em “Noite Passada em Soho” ele continua fora da sua habitual zona de conforto (que são as comédias inglesas) após “Em Ritmo de Fuga“, e nos apresenta seu primeiro suspense/terror psicológico na carreira. Pegando carona em homenagens ao gênero Giallo (que é um estilo usado para classificar suspenses italianos, aos quais vem englobados de muito sangue e fotografias em amarelo/vermelho) e principalmente ao clássicos de Roman Polanski e Woody Allen, “Repulsa ao Sexo” e “Meia-Noite em Paris”, respectivamente.
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
A história mostra a jovem Eloise (Thomasin McKenzie), que resolve se mudar para Londres com o propósito de estudar moda. Após entrar em um conflito em sua república de estudantes, ela resolve alugar um quarto em uma residência onde vive apenas uma misteriosa senhora (Diana Rigg). Porém, sempre que ela acaba pegando no sono, é transportada para uma Londres dos anos 60, onde ela assume a personalidade de Sandie (Anya Taylor-Joy).
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
Este é mais uma daquelas produções onde não conseguimos definir ou até mesmo entender sobre o que exatamente ela se trata em seus primeiros minutos. Só começamos a entender os rumos do roteiro de Wright e Krysty Wilson-Cairns, à medida que ele vai avançando cada vez mais. Através de uma forma sutil, começamos a ver que a retratação destes fatores são montadas como uma espécie de quebra-cabeças, e isso funciona, pois o universo criado em ambas as Londres são muito bem retraídos.
Seja por intermédio do design de produção assinado por Marcus Rowland, englobado pela fotografia de Chung-hoon Chung (“Oldboy“), vemos que a produção realmente procura estabelecer uma imersão até mesmo por acabar sendo um filme feito nos anos 60 (época onde justamente o longa de Polanski e o estilo Giallo, estavam em alta nos cinemas). Tanto que é notório o fato de McKenzie ter se inspirado na veterana Catherine Deneuve (a própria protagonista de “Repulsa ao Sexo”), em sua interpretação (seja através dos seus olhares e a enorme “inocência” em torno de tópicos que englobam o sexo).
“Noite Passada em Soho” consegue ser uma interessante produção de suspense, que se destaca por homenagear a história do cinema europeu.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.