Crítica - Matrix Resurrections - Engenharia do Cinema
O primeiro “Matrix” revolucionou o cinema e mudou a perspectiva do gênero de ficção-científica, além de alavancar a carreira de Keanu Reeves, Laurence Fishburne e Carrie-Anne Moss. Apesar de também serem um sucesso, os dois longas posteriores encerraram um arco que estava estabelecido como “sem chances de ser reaberto”. Porém, com várias franquias voltando aos cinemas, a Warner Bros viu que era a hora de renascer com uma das suas maiores produções. “Matrix Resurrections” brinca com si mesmo, com o assunto é “não se deve realizar um reboot, de uma produção que funcionou no passado”. Mas já aviso de antemão, que estamos falando de um projeto que possivelmente irá dividir a maioria dos espectadores e fãs do universo citado.
Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)
A história tem início com Thomas Anderson (Reeves) trabalhando em uma produtora de games, pelo qual está projetando um novo jogo da franquia “Matrix” (sim, realmente ele está acreditando que todos os acontecimentos antecessores, eram um vídeo-game e não real). Mas ele passa a ver que tudo não é o que parece, quando esbarra com uma então “misteriosa” Tiffany (Moss), e a é surpreendido pela presença do velho amigo (que ele realmente não se lembrava) Morpheus (agora vivido por Yahya Abdul-Mateen II).
Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)
Um dos pontos positivos da produção assinada por Lana Wachowski (que também cuidou da trilogia original, com sua irmã), é que ela não necessita que você confira os antecessores para entender essa história, ou seja, é uma narrativa totalmente cânone (basicamente como foi feito com os últimos “Exterminadores do Futuro“). Apesar do enredo beber bastante do original de 99, seja por intermédio de constantes flashbacks com cenas daquela produção, ou até mesmo situações bastante similares. Isso funciona dependendo do ponto de vista do espectador, pois se você gosta deste tipo de filme, vai comprar a premissa, caso contrário, não (inclusive irá desistir e ir embora, antes do desfecho da projeção). No caso de quem vos fala, funcionou muito bem.
Porém diferente dos anteriores, Wachowski não consegue estabelecer uma direção operante nas cenas de luta e ação. Com muitas utilizando de um slow-motion capenga, misturado com uma câmera na mão, é notável que o recurso foi estabelecido pelo fato de alguns atores não terem tido tempo para treinar artes marciais (afinal, estamos falando de uma das várias produções afetadas pela pandemia, no primórdio de suas gravações). Agora com relação às tomadas envolvendo perseguições automobilísticas, ela realmente soube trabalhar isso (inclusive, é perceptível que ela optou por menos CGI e mais efeitos visuais práticos nestas horas). Não hesito em dizer que estamos falando de um dos melhores efeitos visuais realizados em 2021, pois o realismo em determinadas cenas é enorme (diferente de recentes produções da Marvel).
Com quesito das atuações, não há nenhuma em destaque, pois eles estão operantes e até mesmo canastrões de atores como Jonathan Groff (que vive o “novo” Sr. Smith), Neil Patrick Harris (intérprete do psicólogo de Thomas, que é um mais do mesmo com relação ao seus outros personagens na sua filmografia) e até ao próprio Mateen II (que não convence como um “novo” Morpheus).
“Matrix Resurrections” é uma produção que realmente dividirá a opinião dos espectadores, pois ele acaba sendo mais um cânone que homenageia o original e possivelmente uma porta para uma nova trilogia.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.