Crítica - Belle - Engenharia do Cinema
Realmente este filme é uma grata surpresa que o cinema japonês nos promoveu nestes últimos meses. “Belle” pode-se definir como uma mistura de “Matrix“, “Ghost In The Shell” e “A Bela e a Fera“, em uma trama que explora diversos assuntos e tudo acaba fazendo sentido dentro da narrativa. Isso sem contar o maravilhoso visual exercido pelo diretor e roteirista Mamoru Hosoda (que já foi indicado ao Oscar pela animação “Mirai no Mirai”), que fica cada vez mais belo em uma tela de cinema.
Imagem: (Divulgação)
Baseado no conto de fadas francês La Belle et la Bête, da autora Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, a história gira em torno da tímida adolescente Suzu, que mesmo sendo bastante solitária em sua vida pessoal, no universo do jogo “U” seu avatar rotulado como Belle, é uma das mais famosas personagens do mesmo. Mas um dia ela acaba encontrando por lá o misterioso Fera, o que a faz realizar uma busca para tentar descobrir quem é o portador deste carácter no mundo real.
Imagem: (Divulgação)
Nos primeiros cinco minutos já somos apresentados por uma imersiva e divertida sequencia musical, que nos apresenta o universo de U. Com a fotografia apelando para tonalidades com cor de ouro e bastante alegorias em seus estilos e designs, facilmente já compramos o interesse por aquela história. Embora ela se passe no Japão, facilmente essa trama pode ser introduzida em quaisquer lugares do mundo (inclusive no Brasil), por se tratar de um enredo bastante atual e o quão os jogos estão se tornando uma rotina fundamental na vida de muitas pessoas (só pegarmos alguma partida de “Fortinite” ou “League of Legends“).
Confesso que poderia ter caído em um arco totalmente chato e desinteressante, quando pula para o contexto que homenageia a clássica história da “Bela e a Fera”. Só que não estamos falando de uma história de amor romântica, mas sim sobre um sentimento de conforto sobre situações pesadas como depressão, luto e principalmente sobre abusos (por isso já aviso que crianças não vão conseguir comprar essa produção).
“Belle” realmente consegue ser uma aula de como conceber uma animação com um escopo conhecido, e de uma forma totalmente diferente.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.