Considerações finais sobre o Oscar 2022 - Engenharia do Cinema

publicado em:29/03/22 7:00 PM por: Gabriel Fernandes CinemaCríticasNotíciasTexto

Na minha análise de “Venom: Tempo de Carnificina“, aleguei que era um filme totalmente esquecível e que a única coisa pela qual o público iria se recordar e discutir, era a cena pós-créditos com a presença do Homem-Aranha. O mesmo podemos aplicar para o Oscar 2022, onde mesmo tendo várias coisas acontecendo, a única coisa que todos iremos sempre recordar desta cerimônia, será o tapa de Will Smith em Chris Rock.   

Com apresentação das humoristas Amy Schumer, Regina Hall e Wanda Sykes, a cerimônia foi mais do mediano para o ruim. Com o trio funcionando apenas quando apresentavam suas piadas de maneira solo (inclusive Hall estava engraçadíssima em algumas interações com nomes grandes como Josh Brolin e Jason Momoa). Certamente a Academia não terá mais de um nome assumindo essa função tão cedo.  

Com a vitória de “Duna” na maioria das categorias técnicas, ficou comprovado que a Academia sempre segue o mesmo padrão. Blockbusters que são indicados para Melhor Filme, sempre levarão a maioria dos prêmios técnicos (lembram de “Mad Max: Estrada da Fúria“?) e não o principal. Já nesta categoria citada, só ficou claro que os membros não estão mais interessados em criar um chamariz em filmes pesados e com assuntos delicados. “No Ritmo do Coração” se juntou ao hall de produções como “Green Book“, “A Forma da Água” e “Nomadland“. Que são produções mais familiares e pé no chão, dentro de suas premissas.

Porém, estes demonstraram mais uma vez que realmente não entendem absolutamente do que fazer com a principal premiação do cinema, em uma era do iPhone, lacração e com uma audiência televisiva que só cai a cada ano. A gravação de oito categorias técnicas e de curtas durante o tapete vermelho, só mostrou a falta de descaso e interesse destes em comandar a entrega dos prêmios (mas na mente deles seria uma salvação). Com estes sendo exibidos de forma homeopática, logo após os intervalos, e de maneira totalmente porca e com uma edição ofensiva para diversos profissionais (alguns deles tiveram seus discursos deixados de lado).  

Imagem: Reprodução da Internet (Divulgação)

A ideia de votação no Twitter para o “Filme Favorito dos Fãs”, teve o intuito de premiar filmes que não seriam indicados ao Oscar de filme e chamar atenção de fãs da Marvel e DC, certamente foi um tiro no pé, pois acabaram premiando “Army of The Dead” (um dos piores longas de 2020). O recurso deu tanto “certo”, que sequer lembraram de citar o mesmo durante a premiação, e divulgaram apenas depois, sem alarde, na rede social mencionada. Ao contrário da categoria “Momento Favorito dos Fãs”, que premiou a corrida do Flash em “Liga da Justiça de Zack Snyder”, que teve seus 15 segundos de fama. Realmente, o cineasta Zack Snyder foi um grande vencedor da noite e sequer foi estava lá no teatro ou até mesmo foi citado durante a transmissão.

Se eu falasse para alguém, 10 anos atrás, que iriam apelar para estes recursos pobres, iriam me questionar se a pessoa que idealizou isso tinha sérios problemas ou até mesmo nunca parou para ouvir o público que assiste à premiação todos os anos. De fato, eles vão ter de apelar para terem astros renomados como Hugh Jackman (que já apresentou a cerimônia em 2009), Ryan Reynolds, Dwayne Johnson, Tom Holland, Andrew Garfield e até mesmo atrizes como Jessica Chastain (que venceu o Oscar nesta última edição, por um dos seus piores papéis) e Margot Robbie para serem os apresentadores solo nas próximas premiações.   

Imagem: Reprodução da Internet (Divulgação)

Além deste quesito, eles deverão quebrar alguns paradigmas como acrescentar mesmo uma categoria de melhor filme popular ou colocar mais filmes famosos entre os indicados nas categorias principais (afinal, quem não queria ver um “Homem-Aranha Sem Volta Para Casa” e até mesmo um “Vingadores Ultimato” sendo indicado ao maior prêmio do cinema?). Mas isso será uma questão de tempo, até que membros mais pé no chão, criem melhores tratamentos para conquistar a nova geração.

Mesmo tendo bastante polêmica rolando até então, o tapa de Will Smith em Chris Rock acabou encobrindo algumas homenagens sensacionais que foram feitas. Seja aos 60 anos de James Bond, 50 anos de “O Poderoso Chefão” (que mesmo com a presença de Robert De Niro, Al Pacino e Francis Ford Coppola no palco e discursando sobre a obra, realmente ninguém estava focado no fato e sim na confusão que havia acontecido há três minutos antes) e até mesmo as esquetes envolvendo as comemorações do aniversário de alguns clássicos como “Pulp Fiction“, “Juno“, “Cabaret” (com a presença de Liza Minnelli, mesmo bastante debilitada por problemas de saúde, mas sendo aplaudida e ovacionada por todos) e “Homens Brancos Não Sabem Enterrar“. Tudo isso foi elaborado de forma divertida, mas foi totalmente apagado pelo tapa.

Acredito que nos próximos meses veremos mais ideias absurdas sendo divulgadas pelos membros da Academia, para alavancar os números de audiência que foram relativamente bons em relação a 2021 (acredita-se que foi por conta do “tapa”). É esperar e torcer para eles criarem algo bastante divertido para a próxima edição, em 2023.

Gabriel_Fernandes

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



A última modificação foi feita em:março 31st, 2022 as 16:08


Post Tags

Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


Comentários



Adicionar Comentário