Espaço do Colecionador #4 - Henrique Miura - Engenharia do Cinema

publicado em:3/04/22 10:19 AM por: Gabriel Fernandes ArtigosColunasEntrevistasEspaço do Colecionador

Como nós do Engenharia do Cinema nunca escondemos que apoiamos a mídia física, resolvemos criar este quadro que sempre irá trazer um colecionador da mesma, a cada 15 dias, sempre aos domingos. Com o propósito de mostrar que a mesma ainda vive e que existem várias pessoas que possuem vários filmes em suas residências, o quadro surgiu com o intuito de discutir e apresentar pensamentos sobre o andamento do mercado.

O papo de hoje é com o colecionador e empresário Henrique Miura, de 37 anos. Colecionador nato desde os anos 90, hoje é um dos grandes fãs do catálogo da Versátil Home Vídeo (pelos quais fez uma menção honrosa) e não esconde que sempre fez a festa nas promoções de seminovos em várias videolocadoras.

Engenharia: Como você começou sua Coleção? Qual seu primeiro título em mídia física

Henrique: Nunca tive em mente um pensamento de “vou começar a colecionar filmes”. Foi um processo muito natural de cinefilia, onde com as locadoras revendendo VHS seminovos, abriu a incrível possibilidade de ter um filme em casa para ver e rever quando quisesse. Nessa época o primeiro filme que tive foi o VHS de “Toy Story”, lá no meio da década de 90. Com a chegada do DVD, logo abandonei o VHS e comecei a pedir filmes em DVD de Natal, de aniversário. E o primeiro DVD que tive ganhei da minha irmã, comprado na extinta DVD World: o DVD duplo de “Gladiador”, com aquela luva capenga que vem com autografo do Ridley Scott. Mas nessa época ter DVD ainda era muito caro, então o ritmo era bem lento de compras (e a maioria que comprava, eram seminovos de locadora). Minha ideia naquela época era simplesmente comprar os filmes que eu gostava bastante, e ter em casa a trilogia de “O Poderoso Chefão”, “Taxi Driver” e a filmografia do [Stanley] Kubrick, era muito tentador. Então minha ideia de colecionar surgiu da minha paixão pelo cinema e eternar as grandes obras-primas em minha casa.

Imagem: Autor (Divulgação)

Engenharia: Qual seus maiores títulos da coleção?

Henrique: Como eu sou do nicho colecionador cinéfilo, dou grande importância para os filmes que possuo na coleção. Uma grande responsável por isso é a Versátil, que lança os maiores tesouros do cinema mundial, seja clássico ou contemporâneo. Mas meu maiores méritos são:

1) Ter boa parte da filmografia do Luchino Visconti, meu diretor italiano favorito.
2) Ter o melhor box já lançado no mundo do Chaplin.
3) A coleção Cinema Faroeste, que é um gênero essencial e fundamental para entender o cinema americano.
4) As coleções A Arte de e O Cinema de, que traz os nomes mais importantes e fundamentais do cinema clássico, resgatando e dando luz para descoberta de grandes cinematografias, como foi o caso do MikioNaruse.
5) E terminando a parte de Versátil, não poderia deixar de mencionar a coleção Essencial, a queridinha dos cinéfilos brasileiros.

Imagem: Autor (Divulgação)

Mas como colecionador claro que também tenho um fraco por grandes edições. E aí eu destaco aquelas que são xodós:

6) A coleção de aniversário do 007.
7) O box do Spielberg.
8) O Giftset do Dirty Harry.
9) A edição especial de O Grinch, com a luva peluda.
10) O box de TwinPeaks

Imagem: Autor (Divulgação)

Engenharia: Com relação aos importados. Quais quesitos você acredita que compensa, na hora de trazer um título para sua coleção?

Henrique: Como minha veia de colecionador é da cinefilia, eu estou muito ligado a importar coisas que não foram lançadas no país, títulos que acho importante e relevante. Não tenho a barreira de legendas, pois tenho o player da Pionner que pode adicionar legenda externa, então todo filme lançado lá fora é uma possibilidade de compra. Também tem edições que são sedutoras, como o Steelbook 4K de “Pânico“, onde a mídia 4K é toda em PT-BR. Atualmente está bem caro importar por conta do dólar, mas como nosso mercado novamente deu uma retraída e moroso para tomada de decisões (como o caso da Warner), sigo bastante ativo nas importações.

Imagem: Autor (Divulgação)

Engenharia: Além de mídia física, você coleciona outras coisas?

Henrique: Não, somente coleciono filmes mesmos. Já colecionei livros e CDs, mas por conta de espaço, já que moro em apartamento, tive que escolher somente uma para manter, e como não podia deixar de ser, mantive a de filmes que é minha grande paixão.

Engenharia: Quais os maiores problemas que você acha que a comunidade de mídia física enfrenta?

Henrique: Eu já preferi abandonar o termo “comunidade” (que seriam pessoas em conjunto que compartilham algo) faz um tempo, pois acredito que existe somente uma disputa de ego, de poder, em algo que pra mim é somente uma diversão. Colecionar é minha válvula de escape, um momento único e exclusivo de prazer: se tirar isso do colecionismo de mim, tudo perde o sentido. Por isso resolvi me afastar bastante de grupos, mas manter-me próximo de pessoas, pois tem muita gente legal que compartilha da mesma paixão e vontade que eu tenho de colecionar. Os grupos já não fazem bem, pelo contrário, só criam situações o tempo inteiro e uma guerra de bastidores desagradável. Fico com a parte boa de tudo isso: manter minha coleção ativa e a todo vapor, enquanto converso e troco ideia com pessoas incríveis que o hobby me proporcionou conhecer.

Imagem: Autor (Divulgação)

Minha maior proximidade hoje é com colecionadores aqui de Campinas (interior de São Paulo, onde moro), pois as redes permitiram que nos encontrássemos. Nunca imaginei que tão próximo de mim teriam tantas pessoas incríveis, inteligentes e bem-humoradas. É perto dessas pessoas que quero manter meu hobby e minha paixão, e não de grupos e lives que só batem uma “bad vibe”, alimentam ódio e troca de farpas. Sei que não é uma opinião popular e que pode desagradar, mas sinto que esses grupos, de maneira voluntária ou não, somente sabotam o mercado, com um número excessivo de contradições que precisam cometer para justificar as “parceria$”. Não vejo problema em receber de lojas e distribuidoras, cada uma faz sua estratégia da melhor forma, é algo autentico e válido. O problema é quando surgem efeitos colaterais para aqueles que não aderem, com direito a ataques organizados e sincronizados, totalmente plantados. Fica a questão: pra que isso?

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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



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