Por Marcelo Reis

“A Barbie não é uma boneca. A Barbie é uma bruxa”, assim afirmava o escritor e cronista mineiro Rubem Alves (1933-2014) em um de seus textos onde ele explicava que a boneca sempre parecia insatisfeita, incompleta, com a necessidade de ter mais roupas, acessórios, etc. tornando seu público-alvo (as crianças) em constante insatisfação e em eterno consumismo (afinal, a coleção de bonecas Barbie não tem fim).

Com muita ousadia, a Mattel (que produz a boneca) junto à Warner resolveram produzir um longa-metragem que conta a história da Barbie em seu maravilhoso mundo Barbieland, onde todos os dias são perfeitos, com festas das Barbies e namoros com os Kens.

Até que a Barbie estereotipada (Margot Robbie) começa a questionar a vida, pensar na morte e precisará ir ao mundo real para descobrir o que a está deixando triste e como voltar a ter seus eternos dias felizes em seu mundo.

Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)

O filme pode ser dividido em 3 partes: o da paródia (com Barbie sendo mostrada como produto, com autoparódia à Mattel e principalmente com os Kens, em especial Ryan Gosling, hilário, com uma atuação cômica na medida, onde ainda canta e dança) que pode até cansar um pouco pelo excesso de piadas; o de crítica social (onde AmericaFerrera, uma atriz que adoro, faz um discurso sobre como as mulheres são tratadas e cobradas na sociedade) e tem toques de “O Show de Truman” em sua parte final e mais emocionante. E é aí que Margot Robbie mostra, mais uma vez, que é uma das melhores atrizes de sua geração.

Quem diria que o casal NoahBaumbach e Greta Gerwig, vindos do cinema indieamericano, conseguisse a proeza de fazer a melhor campanha de marketing para um filme pós-pandemia e ainda fossem capazes de transformar um filme sobre uma boneca em uma oportunidade do público refletir sobre a sociedade e o mundo atual.

“Barbie” provavelmente não é o que você está esperando e talvez aí esteja o seu grande trunfo: pegue seus patins e embarque na Barbieland com Greta Gerwig, Margot Robbie e companhia.