Crítica - Assassinos da Lua das Flores - Engenharia do Cinema

publicado em:23/10/23 11:20 PM por: Gabriel Fernandes CríticasTexto

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Martin Scorsese é um cineasta que dispensa apresentações, e em seu mais recente projeto “Assassinos da Lua das Flores” ele resolveu simplesmente juntar, pela primeira vez em sua filmografia, seus dois constantes colaboradores e amigos de longa data: Robert De Niro e Leonardo DiCaprio (que inclusive já atuaram juntos há 30 anos, em “O Despertar de Um Homem” e por conta disso, o primeiro já havia alertado a Scorsese para começar a trabalhar com o segundo). O resultado não poderia ter sido outro, pois trata-se de mais um acerto do trio.

Imagem: Paramount Pictures (Divulgação)

Baseado no livro de David Grann, a história gira em torno de Ernest Burkhart (DiCaprio) que se muda para uma região dominada pela tribo indígena Osage, que se tornaram bilionários após descobrirem petróleo em suas terras. Ao chegar no local, ele se direciona para a casa de seu tio William Hale (De Niro), e ambos acabam se envolvendo em um cenário de misteriosos assassinatos de membros Osage. Sem ter uma investigação a nível local, este acaba se tornando o primeiro grande caso investigado pelo FBI. 

Imagem: Paramount Pictures (Divulgação)

Assim como os últimos projetos do cineasta, este também possui uma metragem extensa de três horas e meia de projeção. Só que por conta do fator narrativa ser muito bem executado, facilmente conseguimos comprar a narrativa e nos importarmos com seus protagonistas. Vemos que isso também é bem executado por intermédio do roteiro escrito pelo próprio Scorsese com Eric Roth, quando eles nos apresentam a cultura Osage, em todos os sentidos (idioma, tradições, vestimentas, comportamentos e pequenos detalhes que acabam pesando na hora de criarmos empatias por eles).

E nesta ambientação, percebemos que o próprio Scorsese honrou seu orçamento de US$ 200 milhões ao colocar os cenários da cidade, sendo realmente executados. Sim, não é apelado para um CGI sem necessidade (honrando suas críticas a geração de filmes da Marvel/DC), e ele sabe quando é a hora de guiar uma cena externa e uma dramática, sem apelar para recursos amadores como jogos de câmeras e trilha sonora batida.

Inclusive, essa é assinada por Robbie Robertson, que sabe mesclar a pegada das notas, em uma maneira que entrelaçadas com a fotografia de Rodrigo Prieto, transpõem tudo com maestria e tudo se assemelha a uma verdadeira obra de arte. Isso acaba sendo mais perceptível em uma sala de cinema (por isso, de preferencia aqui e não espere o lançamento na Apple TV+). Tanto que não duvido que ambos poem levar o Oscar, por estes trabalhos.

Só que embora De Niro e DiCaprio estejam ótimos mais uma vez (embora definitivamente não seja a melhor atuação na carreira da dupla), o show cai em cima de Lily Gladstone (“First Cow“) que literalmente não se esforça para roubar a cena, mas como o protagonismo do filme para ela. Acompanhamos sua trajetória dentro deste contexto caótico que assola sua família, assim como ela própria (não irei adentrar em spoilers, mas a evolução de Mollie, sua personagem) é muito bem escrita e com seus olhares consegue peitar a dupla citada, até em uma simples conversa informal. Se ela não ganhar o Oscar, será uma grande injustiça.  

Assassinos da Lua das Flores” termina sendo mais uma aula conduzida por Martin Scorsese, onde ele termina com um gosto de que realmente ele sempre será um dos maiores nomes do cinema.



A última modificação foi feita em:dezembro 20th, 2023 as 01:14


Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


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