Crítica - Quem Fizer Ganha - Engenharia do Cinema
O cineasta Taika Waititi conseguiu chamar a atenção de todos por conta de longas como “O Que Fazemos nas Sombras”, “Thor Ragnarok” e “Jojo Rabbit” (que lhe deu seu Oscar de roteiro original). Porém, depois de “Thor: Amor e Trovão” se mostrar como um grande divisor de águas e o próprio já ter declarado que não gostou de fazer o filme (assim como a maioria do elenco), uma curiosidade aumentou para “Quem Fizer Ganha”, seu novo título como diretor e roteirista. Seria o seu verdadeiro “tudo ou nada”.
Infelizmente, ele continua na pegada do último Thor, pois este projeto tem uma ideia interessante (inclusive baseada em fatos reais), mas com uma péssima execução, onde todos os envolvidos nitidamente estão com vergonha de estarem neste projeto (já que nitidamente houveram problemas de bastidores, principalmente pela má vontade de Michael Fassbender).
Imagem: Searchlight Pictures (Divulgação)
Após ser transferido pela delegação de Futebol, para comandar um time da Samoa Americana que perdeu sua última partida para a Austrália por 31 a 0, o treinador Thomas Rongen (Fassbender) se vê em uma situação totalmente maluca, pois ele terá de transformar o time em vencedor para as eliminatórias da Copa do Mundo do Brasil, de 2014.
Imagem: Searchlight Pictures (Divulgação)
Waititi nitidamente tem seu humor inspirado no grupo “Monty Python”, uma vez que ele procura mesclar o nonsense em situações cotidianas e históricas. Porém, aqui ele parece ter tirado essas situações de forma totalmente genérica e forçada. Um mero exemplo é o excesso de estereótipo que ele coloca sob a população de Samoa (que chegam a ser totalmente ridículos, quando o próprio espectador sabe que eles não são assim). Não há graça, mas sim vergonha de vermos aquilo (principalmente nos arcos envolvendo a religião dos moradores).
Quando ele começa a colocar o espectador dentro do cenário daquele povo, o cineasta começa a focar na jogadora Jaiyah (Kaimana), que está em processo de mudança de sexo. Embora estejamos falando de um assunto polêmico, principalmente com o envolvimento de um setor grande e respeitado, não há um toque realista do assunto. Tudo se resume a frases de efeitos e lições de moral dela para o próprio Thomas, que decai o rótulo clichê, do personagem intolerante, pelos quais vai melhorando conforme a narrativa avança.
Chega a ser engraçado que no meio deste caos, o próprio Fassbender não queria estar neste filme e isso fica nítido por conta de sua atuação (que justamente, acaba casando com a pegada do próprio personagem, por infeliz coincidência). O mesmo pode-se dizer de nomes como Elisabeth Moss (que também devia ter aparecido por questões contratuais com a Disney) e Will Arnett (que está sendo ele mesmo).
Para não falar que ele totalmente estava fora de órbita, quando ele começa a acertar em sua narrativa e consegue captar a atenção do espectador, poucos minutos depois acontece uma das melhores coisas que ele poderia ter feito aqui: terminou o filme.
Em seu desfecho, “Quem Fizer Ganha” acaba sendo um filme que contradiz exatamente o trabalho de Taika Waititi, pois ele literalmente deixou claro que neste projeto ele “Não Fez e Perdeu”.