Crítica | Bailarina - Do Universo John Wick - Engenharia do Cinema

Com o sucesso da franquia “John Wick”, diversos spin-offs começam a surgir. O primeiro foi a minissérie “Continental”, que mostrou a juventude de Winston (Ian McShane) e como ele se tornou o gerente do Hotel Continental. O segundo foi este “Bailarina”, onde a história é centrada dentro do universo de mercenárias que usam uma escola de balé como fachada.
Apresentada no terceiro filme, o arco em si ganhou mais destaque por conta do local ser presidido pela personagem de Anjelica Huston (a eterna Mortícia Addams). Inclusive, a trama se passa entre os capítulos três e quatro e é centrada em Eve (Ana de Armas, de “Blade Runner 2049”), que promete ser uma versão feminina do Wick.
Após ter seu pai brutalmente assassinado por um homem misterioso (Gabriel Byrne), Eve acaba sendo recrutada por Winston para ingressar em um grupo de mercenárias que atuam como bailarinas de fachada. Porém, à medida que ela avança em seu treinamento, passa a estabelecer uma jornada de vingança.
O roteiro de Shay Hatten (responsável pelos dois últimos “John Wick”) sabe que a fórmula responsável pelo sucesso da franquia é o fator “humano” que Wick possui, seja pelo fato de ele sempre se machucar nas lutas e, às vezes, ter dificuldades em superar algum obstáculo.
Durante os primeiros 30 minutos de filme, acompanhamos o treinamento de Eve. Ela constantemente erra e está ciente de que só vai conseguir superar os desafios se melhorar. Em outras palavras, Hatten cria a própria jornada da heroína para ela.
Como Armas já mostrou ter condições até para roubar a cena de James Bond, o roteiro usufrui desse talento em diversas sequências de ação. E a escolha de Len Wiseman (responsável por boa parte da franquia “Anjos da Noite”) foi justa, pois, mesmo ele não sendo um Chad Stahelski na direção, sabe explorar as possibilidades nas cenas de luta.
Eve usa não apenas armas, mas espadas, facas, pratos, e consegue manusear grande parte deles, embora, em alguns momentos, fique nítido que ela é humana e ainda tem suas dificuldades.
Seus embates com John Wick são verdadeiros exemplos de como um legado deve ser respeitado. Se em Indiana Jones e James Bond as mulheres que ganhavam “destaque” zombavam deles enquanto eles apenas observavam, Eve e Wick mantêm um respeito mútuo. A dupla está ciente de que combina e suas motivações vão além dos “acordos” entre seus superiores.
No entanto, aqueles que esperavam uma participação mais relevante ou maior de Norman Reedus (o eterno Daryl Dixon), podem se chatear. Porém, como estamos falando de uma versão “feminina” de Wick, é possível que ele ainda seja explorado em produções futuras.
“Bailarina – Do Universo John Wick” mostra que é possível se fazer um filme de ação com uma protagonista feminina, ao mesmo tempo que se respeita o legado do responsável por sua produção existir.
