Quem viveu nos tempos de ouro da música brasileira em meados dos anos 50/70, lembra-se muito bem do musico Simonal. Sucesso do MPB, ele tinha uma voz e personalidade única. Vivendo em meio a época da ditadura militar, não ligava para quem ouvisse sua música, muito menos para posicionamentos políticos. O fato também o fez vangloriar sua carreira, porém como todo musico de sucesso, também haviam as “cobras” por trás.

O longa procura focar na ascensão do musico, que é interpretado de forma fantástica por Fabricio Boliveira, até seu declínio na carreira, durante a época da ditadura. Este faz um trabalho tão magnifico como protagonista, que é inevitável você não se assemelhar com seu personagem em menos de cinco minutos de cena. Com seu jeito “malandro e mulherengo”, ele literalmente recriou Simonal. Mas como nem tudo é as mil maravilhas na vida, quando ele tem de abordar a queda deste, sua atuação consegue ser ainda melhor, pois o longa troca as cargas cômicas, por dramáticas.

Porém o principal problema é o filme utilizar algumas “facilidades narrativas” para definir a personalidade de Simonal. O comportamento dele já o define como um “malandro e mulherengo”, e o roteiro colocar o personagem repetindo isso toda hora, é meramente desnecessário. Fora algumas habituais frases de efeito para enaltecer alguma situação de forma óbvia.

No restante o filme está ótimo. Mesmo tendo “pouco espaço” nomes como Caco Ciocler e Leandro Hassum fazem bem os seus papéis, e o mesmo pode-se dizer de Isis Valverde (que já trabalhou como cônjuge de Boliveira em “Faroeste Caboclo”), que exerce a verdadeira carga dramática do longa constantemente.

O diretor Leonardo Domingues fez um excelente trabalho em diversos momentos, principalmente na divertida cena da filmagem do programa de Simonal para a Tv Tupi (com direito a um ótimo plano sequência). Mas como a sua trajetória musical foi bastante extensa pelo mundo, tudo acaba sendo resumido através de relatos de jornais e afins, colocados em tela como “resumos” para o público.

“Simonal” é um divertido e interessante relato sobre a vida de um dos principais músicos do Brasil. Que venham mais cinebiografias!

Obs: o site conferiu o filme na pré estreia do Cine Roxy 5, com a presença de Wilson Simoninha (filho do Simonal) e do diretor Leonardo Domingues.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.