Esse é o primeiro filme de Quentin Tarantino (já que a comédia “My Best Friend’s Birthday” ele sempre teve repudio). “Cães de Aluguel” é basicamente um monólogo, pois ele se passa em grande parte dentro de um galpão, onde um grupo de assaltantes (Harvey Keitel, Tim Roth, Michael Madsen, Steve Buscemi e o próprio Tarantino) discute o porque de um roubo a uma joalheria ter dado errado e quem era o verdadeiro informante da policia.

O estilo de narrativa deste longa é conhecido como”mob movie” e foi baseado no clássico francês “Rififi”, de 1955, dirigido por Jules Dassin. Pelo qual ele já começa mostrando o desfecho e posteriormente volta na narrativa para mostrar o que levou a determinada situação (um recurso que hoje é usado em exaustão no cinema).

Com toques de humor negro, a narrativa busca explorar o psicológico de cada um dos personagens para sabermos quem realmente fez o que e quem realmente é o informante. Com diálogos bastante ácidos, e uma violência gráfica bastante extensa, vemos o quão isso era necessário para compor esta narrativa não linear. Afinal de contas, estamos falando de um filme feito com toques do expressionismo alemão (poucos cenários e situações gritantes).

Existem alguns momentos marcantes como a dança do personagem de Madsen, ao som de “Stuck in the Middle With You”, antes de arrancar a orelha de um personagem. O andar da gangue de terno na abertura (que inclusive foi usada como inspiração para o programa “CQC”) também é outra sequencia sempre usada e referenciada até hoje (inclusive pelo próprio Tarantino).

“Cães de Aluguel” está para “Os Oito Odiados” nos anos 90, onde se você quer começar a ver os filmes de Tarantino, não o use como referencia ou comece por ele, pois é um longa voltado para quem gosta de cinema e já curte o cineasta. Caso contrário, você não irá gostar.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.