Crítica - A Liberdade é Azul - Engenharia do Cinema
No final de 1993, o cineasta polonês Krzysztof Kieslowski iniciou aquele que seria um marco no cinema: a trilogia das cores. De uma premissa inicial, seriam três filmes interligados por suas cores e temáticas. Porém no desfecho delas percebemos que eles não só tinham essa ligação citada, mas também as histórias se passavam no mesmo universo, ou seja, alguns personagens apareciam em todos os filmes (embora eles não fossem uma sequência). Em uma iniciativa para ajudar na reabertura dos cinemas, a Imovision relançou nos cinemas em alta definição os três filmes desta “A Liberdade é Azul“, “A Fraternidade é Vermelha” e “A Igualdade é Branca“. Não é necessário ver eles nesta ordem, pois as histórias não são sequenciais.
Imagem: Imovision (Divulgação)
Neste primeiro temos a história de Julie (Juliette Binoche), que após perder seu marido e filha e um acidente de carro, começa a questionar sua existência. Porém através da simbologia da cor azul, percebemos a importância de sua personagem para as pessoas ao seu redor em meio a sua depressão (como o próprio titulo também sugere ao mencionar a palavra “Liberdade”).
Imagem: Imovision (Divulgação)
Kieslowski (que também assina o roteiro) faz um filme que nos abstém de diálogos. Aqui temos apenas gestos e expressões, falas apenas quando necessário. Isso é uma simbologia perfeita para quem sente a sensação de luto aflorada, e Binoche tem uma das melhores interpretações na carreira neste filme. Além de realizar simplesmente o que lhe da vontade, ela não poupa em transpor conforto e segurança as pessoas que passam por sua vida (o que fortalece a simbologia de “bem estar” que a cor azul significa).
Como é o primeiro filme da trilogia, menções e situações ao universo ainda não estavam presentes assiduamente. Porém alguns personagens já começaram a fazer pequenas aparições, como a caractere de Julie Delpy (que posteriormente será a protagonista de “A Igualdade é Branca”).
“A Liberdade é Azul” é um ótimo começo para a marcante trilogia das cores do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.