Crítica - Nada a Perder 2 - Engenharia do Cinema
GOSTARIA DE ENALTECER QUE ESTA É UMA ANÁLISE DO FILME, E NÃO EM CIMA DE POLÊMICAS ENVOLVENDO A PESSOA EDIR MACEDO E A IGREJA UNIVERSAL.
A primeira parte de “Nada a Perder” foi um mero fiasco em questão de qualidade, pois além de ter sido uma produção extremamente amadora e mal feita, em momento algum mostrava o protagonista Edir Macedo como outra coisa, a não ser como um “ser humano perfeito”. Para uma cinebiografia funcionar, pelo menos em algum arco devemos discordar do protagonista. Um mero exemplo é visto no recente “Simonal”. Felizmente o erro não é cometido em excesso nessa segunda parte (pelo qual foi filmada simultaneamente a primeira), que procura mostrar mais os fatos do que a própria personalidade de Macedo.
Ainda interpretado por Petrônio Gontijo, o enredo mostra as diversas adversidades que Macedo enfrentou nos anos 90. Que envolvem a expulsão da Igreja Universal dos Eua, o chute na Nossa Senhora pelo Bispo Sérgio Von Hélder durante um programa ao vivo, a queda do teto da igreja de Osasco, dentre outras coisas que ocorreram na mesma época. Tudo isso é narrado pelo próprio protagonista, em uma entrevista para o jornalista Douglas Tavolaro (remetendo bastante ao clássico “Chaplin”).
O roteiro da dupla Stephen Lindsey e Emilio Boechat (que tiveram como base o livro do próprio Edir Macedo, “Nada a Perder”), procura realizar algumas críticas sociais de forma sucinta e que fazem nós expectadores refletirmos sobre. Assuntos como intolerância religiosa e o desrespeito da mídia perante a igreja, são bem retratados. Porém o diretor Alexandre Avancini não sabe conduzir os fatos, sem deixar seu lado amadorismo falar alto.
Todas as sequências dramáticas são regadas a slow-motion e uma trilha sonora bastante dramática, onde deixa o visual bastante forçado e genérico (principalmente a abertura, onde envolve uma fiel da Universal fugindo de agressores). Com se trata de uma produção do gênero drama, isso é repetido em exaustão e o público que não é fã de Macedo, não acaba comprando isso. Isso sem citar o excesso de frases de efeito, para causar impacto e comoção momentânea aos mais sensíveis.
Não irei adentrar ao quesito de atuações, pois os atores estão bem no que lhes foram propostos. Mas em contexto geral, “Nada a Perder 2” não é tão ruim como muitos pensam. Se você for conferir como um filme em aspectos técnicos, vai conseguir embarcar na narrativa. Agora se começar a fazer parâmetros com opiniões pessoais e afins, não irá conseguir comprar o filme.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.