Crítica - O Céu da Meia-Noite - Engenharia do Cinema
Aos que já me acompanham há um tempo, sabem o quanto não consigo gostar dos longas dirigidos por George Clooney. Com exceção de “Tudo Pelo Poder” e “Caçadores de Obras-Primas“, todos eles são realmente muito ruins e cheio de problemas na narrativa (seja pela falta de emoção nos personagens ou até mesmo o enredo não conseguir cativar o espectador). “O Céu da Meia-Noite“, seu mais novo filme e primeiro para a Netflix, foi uma das maiores de Clooney, mas infelizmente ela é afetada pelos dois quesitos citados.
Imagem: Philippe Antonello/Netflix (Divulgação)
Inspirada no livro de Lily Brooks-Dalton, a trama é dividida em duas situações. A primeira gira em torno do cientista Augustine (Clooney), que enfrenta uma doença terminal e tenta captar comunicação com um grupo de astronautas, aos quais ele não quer que voltem para Terra (já que aqui sofreu uma devastadora pandemia global). A segunda é focada naqueles, aos quais acompanhamos os mesmos enfrentando diversas situações para tentar voltar para casa.
Imagem: Philippe Antonello/Netflix (Divulgação)
É difícil descrever um filme que tem uma fotografia excelente, efeitos visuais muito bons (e que são usados também nas horas necessárias) e uma trilha sonora vibrante, quando temos atores como Felicity Jones, David Oyelowo e Kyle Chandler sendo completamente desperdiçados e com situações que sequer conseguem convencer o espectador a torcer e vibrar com suas superações. Muito menos o cientista vivido por Clooney, que tem sua rotina intercalada com uma situação do passado, que lhe atormenta nos dias atuais (inclusive o desfecho, nós já sabemos antes mesmo dele ser apresentado).
Mas alto lá, apesar do longa ter esses defeitos, ele não chega a ser uma bomba sonolenta. Eu só precisei de uns dois copos de café para me manter acordado até o final (já que o arco central é lento e arrastado demais). Vemos que Clooney tentou focar mais no medo dos personagens, ao invés de mostrar uma motivação que convencesse o espectador para torcer por eles.
“O Céu da Meia-Noite” é mais uma bomba comandada por George Clooney, e que provavelmente acabe indo para as categorias técnicas do Oscar, por falta de filmes que usufruem da técnica neste ano de 2020.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.