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Este é um claro exemplo de filme que se fosse lançado há 15 anos, sequer seria tão bem recebido pelas premiações do cinema (inclusive pelo Oscar). “Bela Vingança” não só possui um roteiro bastante ácido (principalmente na época pela qual vivemos), como também trabalha o terror em nosso psicológico, ao invés da forma gráfica.

Imagem: Universal Pictures (Divulgação)

A história gira em torno da misteriosa Cassandra (Carey Mulligan), que tem como “hobby” se fingir de bêbada/drogada em festas e bares, para “provocar” potenciais estupradores. O fator surpresa e as motivações para o andamento desta narrativa, são a graça deste filme dirigido e escrito por Emerald Fennell (conhecida pelo roteiro da série “Killing Eve: Dupla Obsessão“). Por isso não vou falar spoilers, muito menos aprofundar na trama nesta analise.

Imagem: Universal Pictures (Divulgação)

Nós facilmente conseguimos adentrar na trama estabelecida por Fennell, em seus cinco minutos iniciais. Neles vemos a persona de Cassandra em uma forma que mescla o mistério, medo, ansiedade e incerteza. Sem dúvidas foi um dos papéis mais marcantes na carreira de Mulligan (que lhe garantirá mais uma indicação ao Oscar), e graças a ela o interesse pela personagem aumenta em cada arco.

Como estamos falando de um filme que gera discussões sobre abuso e injustiça, o roteiro explora isso muito bem e nos faz refletir o quão a justiça no mundo todo ainda não está preparada para trabalhar nestes quesitos. Quando chega na hora da execução, alguns momentos executam a violência através das atitudes e dos diálogos (com destaque para uma cena envolvendo o veterano Alfred Molina).

Com um roteiro impactante e atuações que nos farão ficar pensando sobre o resultado final por um bom tempo, “Bela Vingança” certamente será alvo de várias discussões durante os próximos anos.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.