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Lançado em 1989, o longa de Pedro Almodóvar “Ata-me” pode-se definir como um dos primórdios e melhores filmes sobre a famosa Síndrome de Estocolmo (onde a vítima acaba se apaixonando pelo seu sequestrador). Estrelado por Antonio Banderas (que fez mais de seis filmes com o cineasta até então) e Victoria Abril, este clássico consegue deixar quaisquer “365 Dias” e “50 Tons de Cinza” no chinelo, por sua simplicidade e arcos com completo sentido.

Imagem: (Divulgação)

Na trama Ricky (Banderas) acaba saindo de um hospital psiquiátrico onde estava internado há alguns anos, e como primeira coisa resolve se encontrar com a atriz Marina Osorio (Abril). Os motivos pelos quais eles estão ligados não são revelados de imediato, mas após ser desprezado em um primeiro momento, ele segue até seu apartamento. Lá ele a amarra em sua própria cama e diz que irá soltá-la apenas se ela se apaixonar por ele.

Imagem: (Divulgação)

Apesar de não se tratar do primeiro filme realizado por Almodóvar, é perceptível algumas de suas marcas registradas. Seja o excesso da cor vermelha em todos os cantos do cenário (representeando o ode ao amor e paixão), o sexo e as canções espanholas regadas a instrumentos como violões e afins. Era notório também o fato de ser feito com um orçamento reduzido, já que era perspetivável a maquiagem de ferimentos no ator Antonio Banderas, em várias cenas.

Fora estes quesitos técnicos, vamos ao roteiro e à retratação da síndrome. Almodóvar primeiro procura retratar os protagonistas como humanos (ao mostrar que eles também se machucam de forma física e psicológica no meio de tudo) e mostrar seus medos, antes de executar o quesito primordial do longa. Isso também é mérito de Banderas e da própria Abril, que esbanjam isso a todo momento em seus olhares.

“Ata-me” acaba sendo um dos únicos filmes dignos de explorar a Síndrome de Estocolmo de forma justa, deixando certos sucessos como “365 Dias” para escanteio.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.