Crítica - Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime - Engenharia do Cinema

publicado em:1/08/21 9:28 PM por: Gabriel Fernandes CríticasNetflixSériesTexto

Após ter chocado o Brasil em 2012, o crime envolvendo o empresário e herdeiro da YokiMarcos Matsunaga, condenou de todas as maneiras sua esposa Elize Matsunaga. Sendo responsável por assassinar, esquartejar e espalhar as partes do corpo deste em uma mata de uma rodovia em Cotia (algumas inclusive, não foram encontradas até hoje) ela foi condenada a 19 anos de prisão. Sem ter aparecido na mídia desde o dia de seu julgamento, a minissérie realizada pela Netflix, “Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime” resolve fazer uma condensação dos fatos com todos os envolvidos, inclusive a própria Elize (que gravou sua participação em uma saidinha de festividades).

Imagem: Netflix (Divulgação)

Dirigido por Eliza Capai, a produção tem como foco mostrar os dois lados da situação, em formas distintas. Seja os dramas de Elize e da própria família Matsunaga. Só que vamos e venhamos, estamos falando de uma minissérie que em um primeiro momento vemos como “vamos mostrar fatos inéditos das investigações”. Porém Capai peca e muito ao fazer a transformação de uma notória sociopata, em uma verdadeira vítima com vários recursos técnicos. Seja através da trilha sonora dramática em seus discursos, enquadramentos em suas lágrimas e até mesmo sempre quando ela cita a maneira como ela realizou o crime, corta para alguma coisa que Marcos Matsunaga havia feito quando caso com ela (seja traição ou outras coisas).

Imagem: Netflix (Divulgação)

Os mais sensíveis certamente irão acabar indo até às lágrimas, por verem que Elize “fez por justa causa”. Mas calma, não estou realizando este texto com propósito ideológicos, mas sim como a narrativa fica em grande parte defendendo a assassina e retrata pouco o lado da vítima. Em momento algum vemos o lado dos Matsunaga de forma detalhada, a não ser breves cenas de arquivo no próprio julgamento, e até mesmo cenas de noticiários como do Datena Bacci, falando sobre eles e o “óbvio”. Mesmo com depoimentos do legista, advogados da família e alguns jornalistas comentaram a loucura que tudo aconteceu. Necessitava mais compaixão com este lado da história.

Faltou principalmente a presença de uma psiquiatra, para explanar o perfil psicológico dela (ao invés de abranger retóricas discussões pseudo-políticas sobre “se isso acontecesse isso com X, Y, como seria?”). Seria uma cena interessante até mesmo para ser aproveitada em futuras discussões do assunto.

Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime” é uma minissérie que se vende como um divisor de águas para um dos mais bárbaros crimes, mas acaba terminando como uma pobre produção que idolatra de forma sigilosa a própria Elize.

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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



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