Crítica - Anônimo - Engenharia do Cinema

publicado em:16/08/21 10:00 AM por: Gabriel Fernandes CríticasTexto

Após ter a estreia cancelada nos cinemas nacionais e sendo direcionado para o mercado de mídia física e serviços on-demand, pode-se dizer que o longa “Anônimo” foi um dos mais prejudicados por conta da pandemia do coronavírus com relação ao quesito “poderia ter sido um tremendo sucesso mundial”. Com o ator Bob Odenkirk (da série “Better Call Saul“) totalmente fora de sua zona de conforto (já que ele está acostumado a fazer sempre personagens “calmos”), ele vive um dos papéis mais marcantes de sua carreira aqui, apenas pelo fato dele viver um homem similar ao icônico John Wick (cujo produtor da franquia, David Leitch, também trabalha neste).

Imagem: Universal Pictures (Divulgação)

Aqui ele vive o pacato Hutch Mansell, que possui uma vida parada e triste. Mas após ter sua casa invadida por um casal de ladrões, e um colar de sua filha ter desaparecido, é suficiente para ele voltar a ativa e embarcar em uma busca pelo mesmo. Só no caminho que ele acaba se envolvendo em uma confusão com um grupo de marginais dentro de um ônibus, para proteger uma garota que sofria assédio. Porém o ato acaba envolvendo Hutch em algo maior.

Imagem: Universal Pictures (Divulgação)

O roteiro de Derek Kolstad procura moldar o Hutch na base de nos identificarmos com ele, ao ter a vida pacata referenciada em cena. Seja por uma rotina triste, crise no casamento, com filhos, no trabalho, até no quesito em não conseguir jogar o lixo fora (cuja edição de Evan Schiff e William Yeh tem um trabalho primordial na representação deste ato). Pelo menos um ser humano normal, em grande parte passa por essas coisas e é essa a proximidade que é trabalhada com sucesso.

Mérito enorme também do diretor Ilya Naishuller (“Hardcore: Missão Extrema“), que sabe gravar uma boa cena de ação e de luta, onde ele sabe que Odenkirk é ciente de como lutar e manejar os armamentos e evita balançar ou até mesmo desfocar a câmera em cima deste (vide a cena de luta do ônibus), fazendo até enquadramentos quando ele apanha e se machuca (como o próprio poster pressupõe).

Bob Odenkirk sem dúvidas é o novo nome que o cinema de ação vai começar a olhar com bastante carinho e certamente, ele vai migrar em outras produções do estilo de Liam NeesonBruce Willis e quem sabe, até contracenar com o próprio Keanu Reeves (cujos fãs de John Wick, já manifestaram interesse). Ele se apanha, se machuca, luta, atira nos inimigos com precisão e em momento algum muda seu olhar “justiceiro”. Comportamento digno deste tipo de personagem.

Anônimo” funciona exatamente como seu próprio título, pois chegou ao mercado de forma anônima e desde então tem feito bastante barulho e deixado seu legado por onde passa.

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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



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