Crítica - Caminhos da Memória - Engenharia do Cinema
Este é aquele típico filme “propaganda enganosa”, pois ao avistarmos um pôster destacando a presença do astro Hugh Jackman em ênfase e o fato de deixarem claro que tem uma envolvida na série “Westworld” na produção (que é o caso de uma das criadoras do programa, a diretora e roteirista estreante em longas Lisa Joy, esposa de Jonathan Nolan), achamos que será algo complexo e interessante. Só que “Caminhos da Memória” é tudo que queríamos não ter de vivenciar e ter em nossas próprias memórias.
Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)
A história se passa em um futuro distópico, onde parte da terra foi tomada pelo aumento dos oceanos e o caos mundial vem tomando conta de tudo e todos. Por isso algumas pessoas resolveram “reviver o passado”, através de máquinas que fazem o usuário adentrá-las e serem colocadas em um verdadeiro processo de regressão. Um dos responsáveis por estas é Nick (Jackman) e sua amiga e assistente Emily (Thandiwe Newton, também vinda de “Westworld“), e eles são justamente encarregados de investigar um misterioso crime. Só que a obsessão do primeiro em reviver os momentos com Mae (Rebecca Ferguson), sua antiga paixão, podem botar tudo a perder, ou não.
Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)
Já começo destacando que apesar de Joy beber muito do estilo de seu marido e cunhado (o cineasta Christopher Nolan), ao estabelecer a concepção do universo distópico apresentado (cuja fotografia de Paul Cameron remete um pouco do estilo Cyberpunk de “Blade Runner“), mas dificilmente conseguimos sentir que há uma imagem própria (afinal, várias cenas chegam a remeter o sucedido “A Origem“). Seu roteiro também é problemático ao tentar vender a relação entre Nick e Mae, pois apesar dos atores terem química (lembrando que eles estiveram juntos em “O Rei do Show“), o texto faz mais termos raiva do primeiro soar como gado desta (ao invés de alguém em busca de respostas).
Digamos que ela se preocupa tanto com este último tópico, que quaisquer espectadores que estiverem atentos aos detalhes, vão matar toda a trama logo nos primeiros 15 minutos de projeção. Fora que ela apresenta alguns personagens coadjuvantes que não são interessantes, mas sim “banais” com o propósito de apenas “preencher lacunas” como Cyrus (Cliff Curtis) e Elsa (Angela Sarafyan).
Ao término de “Caminhos da Memória“, a única sensação que tive foi vagar no fundo da minha própria memória e tentar esquecer que fiquei duas horas vendo o Wolverine ser gado no universo da família Nolan.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.