Crítica - Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis - Engenharia do Cinema
“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” faz parte da nova estratégia da Marvel, em trazer vários novos heróis de diferentes nacionalidades e estilos. Após ser adiado por um ano, devido a pandemia do coronavírus, não hesito em dizer que esta era a produção menos aguardada por muitos (afinal há vários outros carros chefes do estúdio, sendo falados diariamente). Sendo a primeira produção com toques orientais do estúdio, o cineasta Destin Daniel Cretton (“Luta Por Justiça”) procura conduzir sua trama com base em enredos de clássicos filmes estrelados por Bruce Lee, Jackie Chan, Jet Li e outros nomes vindos da China.
Imagem: Marvel Studios (Divulgação)
A história tem início quando o pacifico funcionário de um hotel de luxo Shaun (Simu Liu), tem suas origens voltando em sua vida após um grupo de misteriosos lutadores tentarem roubar o seu colar, nos EUA. Junto de sua amiga Katy (Awkwafina), ele acaba tendo de voltar para a China com o propósito de tentar entender o porquê disto ter acontecido. E é justamente quando ele se dá conta que seu Pai, Xu Wenwu (Tony Chiu-Wai Leung) não é o “bom samaritano” que ele imaginava ser.
Imagem: Marvel Studios (Divulgação)
Sendo o primeiro e único herói mestre nas artes marciais (tendo treinado elas durante boa parte de sua vida), Cretton sabe explorar muito bem este quesito na hora de abordar o assunto no roteiro (que também foi redigido por Dave Callaham e Andrew Lanham). Porém quando ele acaba executando elas em cena, a única sensação que temos é “já presenciamos esse momento anteriormente”, pois algumas literalmente foram tiradas de outras produções já vistas por nós no cinema oriental (justamente coreografadas pelos próprios Chan, Li e Lee), e sem a exagerada e notória quantidade de efeitos em CGI (confesso que às vezes, elas chegam a cansar).
“Mas veja bem, você não entende a fórmula da Marvel, para falar uma blasfêmia desta sobre esse filme maravilhoso!” Realmente a essência do selo está presente, porém estamos falando do 25ª longa desta (após os marcantes “Guerra Infinita” e “Ultimato”, que basicamente trabalharam bem a “mudança da fórmula”), e por se tratar de um “universo diferente”, era necessário uma pegada que fizesse a chegada de Shang-Chi ser mais marcante.
Mesmo com Simu Liu e Awkwafina (que apesar de ter bons momentos cômicos, acaba sendo ofuscada pela hilariante participação especial de Ben Kingsley) tendo uma boa química, além do primeiro ser um bom ator e intérprete do herói, é difícil selecionarmos um momento chave que será lembrado pelo espectador, nos próximos anos do UCM.
Afinal estamos falando também de uma produção onde as cenas de luta foram porcamente coreografadas (o que justifica a câmera balançando constantemente), e mais outro vilão bastante fraco e mal escrito do estúdio (facilmente trocaria Tony Chiu-Wai Leung por outro nome popular do cinema ocidental). Uma lástima o estúdio ter se tornado refém do CGI e de sua fórmula, mesmo mostrado em outras oportunidades que não precisa totalmente deles.
“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” é um dos mais fracos filmes da Marvel, e facilmente será esquecido pelo espectador que não for fã do personagem ou da cultura chinesa.
Obs: há duas cenas pós-créditos, de extrema importância para os próximos arcos da Marvel.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.