Crítica - O Último Duelo - Engenharia do Cinema

publicado em:15/10/21 8:33 PM por: Gabriel Fernandes CríticasTexto

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Desde que venceram o Oscar de melhor roteiro original por “O Gênio Indomável“, os amigos de longa data Ben Affleck e Matt Damon não se juntavam para escrever mais nada. “O Último Duelo” marca a reunião desta parceria, após quase 20 anos da conquista da dupla e justamente toca em uma ferida muito comentada em Hollywood: a questão da cultura do estupro (o que fez a dupla chamar a roteirista Nicole Holofcener, para auxiliar no assunto). Sob direção do icônico cineasta Ridley Scott (que já virou especialista em filmes épicos), ele tem a árdua missão em quebrar seu estilo habitual no gênero e focar em um fato por intermédio de três perspectivas diferentes.

Imagem: 20th Century Studios (Divulgação)

Baseado no livro de Eric Jager, a história se passa na Europa durante o século 13 e mostra os amigos Jean de Carrouges (Damon) e Jacques Le Gris (Adam Driver), cuja amizade acaba sendo abalada por questões políticas e principalmente por causa de um conflito grave envolvendo a esposa do primeiro Marguerite de Carrouges (Jodie Comer). Mas para entendermos tudo que levou a dupla para um desafio de vida ou morte, vemos a mesma história pelas perspectivas do três personagens citados.

Imagem: 20th Century Studios (Divulgação)

Aqueles que ingressarem em uma sala de cinema esperando algo aos moldes de “Gladiador” e “Cruzada“, com certeza irão se decepcionar. Não temos como focos batalhas, várias lutas e momentos marcantes de heroísmo, pelo contrário, temos uma mulher (no caso, a personagem de Comer) que luta para a justiça ser feita em tempos onde elas não tinham voz. Por isso, digo que se deve conferir esta produção com a mente voltada para o tempo que o filme se passa (parece meio óbvio dizer isso, mas dadas as circunstâncias que vivemos, muitas pessoas não farão isso e irão odiar o longa).

Tudo isso poderia ser retratado de uma forma mais aberta e até mesmo pesada, mas Scott é bastante profissional em sua narrativa. Mesmo contendo cenas de luta e morte bastante pesadas, ele peca pelo linguajar ser a ênfase do peso nas cenas envolvendo o machismo na época (ao contrário de representações físicas). Seja por um enquadramento no olhar, gesto e até mesmo um simples beijo.

Dividido em três atos, o show decai em cima da própria Jodie Comer. Apesar dela ter mais dinamismo e influência no terceiro ato, não hesito em dizer que se a Disney fizer campanha para ela, com certeza ela será indicada ao Oscar de 2022. Em seu grande primeiro papel dramático, vemos o quão ela tem uma atuação que faz sentir na pele todos os problemas que uma mulher daquela época vivenciava.

Sim, estamos falando de uma produção onde a maioria dos homens não estão ligando para nada, além de poder e liderança. Transpondo isso com êxito, temos Matt DamonAdam Driver e o próprio Ben Affleck (intérprete do Conde Pierre d’Alençon), onde os dois primeiros contam a mesma história principal, sempre com a sua perspectiva de que ambos são grandes “heróis daquela época” (enquanto Marguerite é apenas uma “figurante”). Independentemente, compramos os personagens e entramos em suas rotinas.

O Último Duelo” foi uma grata surpresa do cineasta Ridley Scott, pelos quais ainda mostra que o veterano tem gás para realizar mais produções do estilo.

Gabriel_Fernandes

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



A última modificação foi feita em:dezembro 19th, 2021 as 10:47


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