Crítica - Bar Doce Lar - Engenharia do Cinema
Apesar de ter uma enorme fama e prestígio, quando o astro George Clooney assume a função de diretor, seus filmes normalmente se encaixam facilmente no quesito “ame ou odeie”. O mesmo pode-se dizer dos seus dois últimos projetos “Suburbicon” e “O Céu da Meia-Noite“, cuja recepção foi bastante morna e deixam ainda mais este rótulo sob ele. Em “Bar Doce Lar”, parece que suas experiências pessoais e ótima relação com nomes presentes no elenco como Ben Affleck (que ganhou com ele o Oscar de filme por “Argo”, em 2013), fizeram este ser o seu melhor filme desde “Boa Noite e Boa Sorte”, de 2005.
Imagem: Amazon Studios (Divulgação)
Inspirado no livro de memórias do jornalista J.R. Moehringer, vemos como na sua infância na casa dos avós, e sua convivência com seu Tio Charlie (Affleck), foram bastantes influenciadoras em seu caráter e desenvolvimento como homem, enquanto sua mãe (Lily Rabe) enfrentava diversos problemas graves em sua vida, como o conturbado relacionamento com o Pai de J.R. (Max Martini).
Imagem: Amazon Studios (Divulgação)
O roteiro de William Monahan procura explorar seu enredo embasado em situações já conhecidas neste tipo de temática, onde em quaisquer filmes de John Hudges vemos isso ser exercido com uma certa maestria. Apesar de não ter nenhum arco original, sentimos que há algumas pitadas verídicas na relação dos atores/personagens, a começar com Affleck se assemelhar bastante com Charlie na questão de problemas com Álcool, que obviamente lhe auxiliaram a lidar melhor com sua interpretação. Enquanto seu pai, vivido por Christopher Lloyd (o icônico Doutor Emmett Brown, da trilogia “De Volta Para o Futuro“), ainda bebe um pouco do personagem citado (roubando a cena em alguns momentos, inclusive). Já as versões criança (Daniel Ranieri) e adolescente/adulta (Tye Sheridan) de J.R., se diferenciam mais no quesito de atuações, pois o primeiro demonstra uma vivência melhor que o segundo, que notoriamente está no automático.
Porém estamos falando de uma produção comandada por George Clooney, ou seja, não esperem bastante inovação ou até mesmo situações que podem dar o Oscar para algum envolvido. Tudo soa meramente como uma produção feita para honrar um amor pessoal dele, por conta do estilo de vida mostrado (que inclusive remete ao de bastantes pessoas). Mas o destaque realmente acaba caindo em cima da trilha sonora, que tem músicas de Golden Earring, Ace, Pilot e outras bandas que fizeram sucesso no passado (inclusive, acaba se casando bastante com a temática do filme).
“Bar Doce Lar” realmente se mostrou uma enorme surpresa neste início de 2022, pelos quais consegue nos transmitir uma ótima sensação no término de sua exibição.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.