Crítica - A Bolha - Engenharia do Cinema
Após termos passado o tremendo caos que foi a época da pandemia e lockdown, uma coisa era certa: o cinema iria começar a explorar esse quadro de diversas maneiras, em diversos filmes e séries. Em “A Bolha“, o cineasta Judd Apatow (“O Virgem de 40 Anos“) apela para uma das áreas mais afetadas pela situação, que foi a indústria cinematográfica. Com a paralisação das gravações de grande parte dos filmes e seriados, sua nova produção apela exatamente para uma grande minoria, que tentou realizar suas filmagens em meio ao caos mundial.
Imagem: Laura Radford/Netflix (Divulgação)
A história é centrada em um grupo de atores, pelos quais são contratados para fazer a continuação da famosa franquia “Feras no Abismo” (que é no estilo de “Jurassic Park“). Porém, como eles estão no meio de uma época de pandemia, devem ficar isolados em um hotel e realizar vários procedimentos para evitar o contágio. Só que obviamente, as coisas não dão certo.
Imagem: Laura Radford/Netflix (Divulgação)
O roteiro escrito pelo próprio Apatow com Pam Brady procura exatamente satirizar diversas situações que vemos diariamente acontecer na indústria cinematográfica ou até mesmo em nosso dia a dia, durante a época de lockdown. Seja por intermédio de celebridades e personalidades que não seguem as próprias instruções de prevenção, que vivem pregando na mídia; A indústria cada vez mais escolher seu elenco apenas pelo número de seguidores nas redes; Agregadores de notas decidirem o destino de alguns atores; Executivos dos estúdios literalmente tratarem os profissionais de forma desumana, só para concluir o filme e até mesmo a questão de que diversos executivos chineses estão cada vez mais envolvidos nas produções executivas de vários projetos, ultimamente.
Porém, vale ressaltar que estamos falando de uma comédia com estilo pastelão e um humor negro bem peculiar, ou seja, ela poderá dividir bastante as opiniões. Embora diversas cenas acabem sendo realmente engraçadas, e o roteiro também saiba trabalhar algumas participações especiais que ocorrem (inclusive algumas delas são hilárias). Com relação as piadas envolvendo alguns atores, muitas delas funcionam como forma de esquetes e percebemos que inclusive nomes como Karen Gillan, Iris Apatow, Pedro Pascal, Leslie Mann, David Duchovny e Keegan-Michael Key realmente estão se divertindo nesta proposta.
Após um enorme hiato de filmes cômicos, “A Bolha” chega para quebrar isto e acaba divertindo por conta de ser uma sátira inteligente e divertida.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.