Crítica - Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (com spoilers) - Engenharia do Cinema
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Realmente quando terminou a sessão de “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura“, a única sensação que tive de imediato, foi deste filme ter suas principais cenas deletadas e até mesmo alteradas. Embora a confirmação do diretor Sam Raimi tenha sido feita no dia seguinte desta, isso só salienta o quão perdida estava a Marvel Studios, ao saber que independente do resultado final apresentado ao público, as bilheterias gigantes iriam acontecer. Muitas expectativas foram realmente criadas por grande parte dos fãs (inclusive por este, que vos fala), mas infelizmente acabei me deparando com um dos mais problemáticos filmes do estúdio nesta nova fase.
Imagem: Marvel Studios (Divulgação)
A história tem início quando Stephen tem seu caminho cruzado com a adolescente America Chavez (Xochitl Gomez), que lhe alerta estar fugindo entre os vários multiversos, junto de uma então finada outra versão do próprio Stephen. Sem saber o que fazer, ele acaba indo recorrer à própria Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen), que diz necessitar das habilidades de America para conseguir se estabelecer na sua vida dos sonhos com seus filhos (que realmente não existem na realidade principal do UCM).
Imagem: Marvel Studios (Divulgação)
Começo enfatizando o roteiro de Michael Waldron, que notoriamente sofreu bastante com a questão das refilmagens e alguns erros de continuidade dentro do próprio UCM. Um dos mais graves foi Stephen ter tratado o Barão Mordo (Chiwetel Ejiofor) como vilão, sendo que o próprio sequer já foi mostrado como tal em nenhuma produção do estúdio (com exceção da cena pós-créditos do primeiro, que o indicava como principal antagonista deste).
Embora, ele tenha cometido esta gafe bastante grave, nada se iguala às soluções simples que ele extrapola para “pular para o próximo arco” durante a narrativa. Explicações do tipo “porque sim” ou até mesmo “estamos em outra realidade” e “a Wanda é a mais poderosa”, se transformam em clichês dentro desta narrativa.
O mesmo pode-se dizer na aguardada cena dos Iluminati, que contou com a presença de personagens aguardados como Reed Richards (John Krasinski), Capitã Carter (Hayley Atwell), Professor Xavier (Patrick Stewart), as versão alternativas da Capitã Marvel (Lashana Lynch) e do Raio Negro (Anson Mount). O potencial do momento é totalmente jogado no lixo, quando a cena não só claramente foi reduzida, como todos acabam sendo mortos de forma brutal por Wanda (nesta hora, confesso que o próprio Raimi salvou a cena, com suas habilidades de produções de horror).
Mas o roteiro não foi apenas o único vilão, assim como a edição da Marvel Studios, pois o CGI também é outro fator notório aqui. Sendo totalmente feito às pressas, cenas como a abertura do filme envolvendo uma versão alternativa do Doutor e América fugindo de um ser vilanesco, é totalmente nítido que foi feito em um fundo verde. Até mesmo a batalha final, não há emoção com tudo sendo mostrado, pois além deste quesito, o longa não nos permitiu ter tanta empatia por aquela, como por Wanda e até mesmo seus filhos (que não existem). Isso porque não citei a cena totalmente patética envolvendo uma batalha musical entre as duas versões do Doutor Estranho, que é jogada totalmente de forma aleatória (parecia estar vendo um live-action do “Mickey em Fantasia“, no meio de um cenário do longa “Evil Dead“).
Isso sem citar que alguns personagens somem e reaparecem como Wong (Benedict Wong, que funciona mais como alívio cômico, ao invés de herói) e até mesmo Christine Palmer (Rachel McAdams, que só aparece para ser apenas a “namoradinha do herói”). Realmente, ficou nítido que eles teriam melhores explorações e alguns momentos chaves com “potenciais” participações especiais que estavam sendo “prometidas” (vide Tom Cruise como Homem de Ferro alternativo, Tobey Maguire como Homem-Aranha e até mesmo Nicolas Cage como Motoqueiro Fantasma).
“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” acaba sendo o verdadeiro “Liga da Justiça da Marvel”, onde durante todo momento sentimos os diversos vácuos e erros, em uma produção finalizada totalmente às pressas.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.