Crítica - Lightyear - Engenharia do Cinema
Quando “Lightyear” foi anunciado no início de 2021, muitos ficaram na dúvida se era necessário termos um spin-off de “Toy Story” focado no personagem Buzz Lightyear. Apenas com a informação que o personagem seria dublado agora por Chris Evans no original (que é conhecido por ser o intérprete do Capitão América), muitos literalmente se confundiram com o fato de que Tim Allen havia sido deixado para escanteio (após ele ter dublado o mesmo, na franquia principal). Porém, o próprio Evans e a Disney fizeram questão de explicar que se tratava do “filme que Andy assistiu em 1995, e lhe fez comprar o boneco Buzz Lightyear”. Só que como a Disney/Pixar não está andando nos seus melhores dias, desde 2020, com “Soul” (que foi a última vez pelo qual o estúdio teve um lançamento que realmente cativasse o público), infelizmente este longa que vos falo, mostra que o estúdio ainda está no automático.
Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação)
A história se passa em um planeta à anos luz da terra, onde após um acidente envolvendo sua nave, o astronauta Buzz Lightyear e todos os tripulantes da mesma acabam tendo de viver no local. Porém, ele acredita que irá conseguir buscar uma forma de conseguir tirar todos do local e fazer com que eles voltem para casa.
Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação)
Apesar dos primeiros cinco minutos de projeção referenciarem a primeira cena do personagem no clássico longa de 95, o restante do longa parece ter sido uma mera aventura espacial e totalmente discrepante do talento do personagem Buzz (que ele já mostrou ter nos outros longas). Não há uma explanação que lhe faça ser o melhor astronauta de todos, e que seja um exemplo para todos os outros tripulantes. Só vemos um caractere que gosta de agir sozinho, com ego grande e não ligando para as consequências.
O roteirista Jason Headley realmente parece não ter feito a lição de casa mínima, pois nitidamente ele não conhece nada do universo de “Toy Story“, da franquia animada de “Buzz Lightyear” e até mesmo não deve ter prestado atenção nas conversas com criadores do personagem. Porque não há um momento épico, ou até algo que faça com que nos importemos com a origem do mesmo e com os novos coadjuvantes apresentados (que em maioria são bem clichês). A única grande exceção é o gato robótico Sox, que consegue tirar ótimos risos e ser um carismático parceiro para Buzz (inclusive, nos faz ter vontade de ver mais do mesmo futuramente).
Mas realmente não estou falando de uma bomba, pois mesmo com estes descuidos a animação ainda consegue entreter dentro da premissa que lhe foi imposta. A direção de Angus MacLane (co-diretor de “Procurando Dory“) realmente teve como inspiração algumas tomadas do recente “Top Gun Maverick” (vide a sequência envolvendo Buzz tentando captar a velocidade necessária, em uma missão no espaço), pelas quais chegam a ser bem executadas na forma visual e sonora. Além de algumas cenas de ação, envolvendo o vilão Zurg (que foi uma tremenda decepção).
Confesso que não conferi o longa na versão dublada, e sim na legendada (que teve um lançamento limitado, em alguns cinemas). A mesma foi bem executada, embora curiosamente o trabalho de Chris Evans seja uma mera tentativa de cópia do trabalho maravilhoso feito por Tim Allen. Mas, até que ele não estava ruim e a diferença não acabou sendo gritante.
“Lightyear” termina sendo uma aventura genérica da Pixar, que realmente não consegue ser tão marcante como os quatro títulos da franquia “Toy Story“.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.