Crítica - Som da Liberdade - Engenharia do Cinema

publicado em:24/09/23 10:00 AM por: Gabriel Fernandes CríticasTexto

Apoio

Honestamente não presenciaremos tão cedo, uma polêmica envolta a uma produção como “Som da Liberdade“, pois desde seu lançamento nos cinemas dos EUA (em julho deste ano), muitas pessoas estão se dando ao trabalho de discutir se é ou não uma “teoria da conspiração”, apenas com o intuito de almejar seu ego pessoal (mesmo com muitos sequer parando para ler sobre o que o filme se trata).

Sendo realizado pela 20th Century Fox em 2018, ficou arquivado pela Disney com desculpas rasas como “ninguém quer ver este filme depois do cenário de pandemia” e/ou “isso não vai nos dar lucro”. Porém, nos últimos meses foi adquirido pela produtora Angel Studios e com a ajuda de empresários e do próprio Mel Gibson (que ajudou na edição e financiamento do próprio), o título foi lançado em circuito comercial.

Inesperadamente conseguiu superar títulos que eram vistos como grandes sucessos da temporada como “The Flash“, “Indiana Jones 5” e “Missão Impossível 7“, onde com um orçamento de US$ 14.6 milhões, acabou rendendo até agora mais de US$ 215 milhões no mundo (US$ 183 milhões, apenas nos EUA). E em uma era de longas que são totalmente parecidos e cansativos, não hesitarei em dizer que “Som da Liberdade” é uma surpresa positiva e até mesmo, o começo de uma potencial franquia.

Imagem: Angel Studios/Paris Filmes

Baseado em fatos reais, a história é centrada em Tim Ballard (Jim Caviezel), que trabalha na divisão anti-pedofilia em um departamento interno de segurança dos EUA. Após conseguir resgatar o pequeno Miguel (Lucás Ávila), ele vê que é o sinal para entrar em algo maior e resolve, por conta própria, começar a montar uma operação para salvar mais crianças que estão sendo vítimas de tráfico de pedofilia.

Imagem: Angel Studios/Paris Filmes

De origem mexicana, o cineasta Alejandro Monteverde (que também assina o roteiro com Rod Barr) procura estabelecer um parâmetro que choca o espectador com momentos chaves, mas nunca excedendo para algo gritante (como mostrar o ato infeliz, acontecendo).

Estabelecendo um parâmetro paralelo entre a caminhada de Ballard e das crianças vividas por Ávila e Cristal Aparicio (Rocío), a emoção na história só aumenta devido a naturalidade do trio, em transparecer o drama que eles apresentam no enredo. Enquanto a vilã vivida por Yessica Borroto Perryman (uma das líderes do tráfico infantil, Katy), simplesmente não se esforça para transparecer o rótulo de maléfica (uma vez que suas atitudes, já são ruins). 

Monteverde sabe que não havia necessidade de colocar cenas aleatórias para justificar isso, e acaba sendo um acerto, embora ele coloque um monte de frases de efeito saindo da boca de Ballard (acompanhados de constantes enquadramentos das lágrimas do próprio) e como estamos falando de uma temática delicada por si só, estes recursos não tinham necessidade de serem mostrados. Inclusive, isso é muito comum em produções mexicanas, e logo também termina sendo normal vindo de tal diretor.

Vale ressaltar, que estes recursos também tem o intuito de chamar a atenção de um público que não está acostumado a ir ao cinema, e às vezes, tem dificuldade de entender a mensagem do filme de maneira sútil. Por isso, estes recursos são comuns nestes tipos de produções.

Mas o que fez este filme ser um chamativo para o público, foi ter tido um enorme cuidado ao apresentar um diferencial em sua narrativa. Não existem mais filmes, com tamanha coragem que Monteverde teve neste projeto, pois a indústria vem optado por produções que já direcionam para uma fórmula que “será sucesso”, ao invés de enredos caem nesta contradição (apesar de “Rambo V“, sutilmente mostrar este universo no seu enredo).

Som da Liberdade” termina sendo uma produção que no seu desfecho nos causa diversas sensações, seja elas de deixar sem palavras e outras bastante emocionados com tamanha coisa que é retratada. RECOMENDO.



A última modificação foi feita em:novembro 15th, 2023 as 14:12


Post Tags

Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


Comentários



Adicionar Comentário