Crítica | O Contador 2 - Engenharia do Cinema

“O Contador” conseguiu se tornar um dos grandes e inesperados sucessos do cinema em 2016, por ter sido lançado justamente na mesma época em que Ben Affleck e Jon Bernthal estavam em alta por conta de suas interpretações de Bruce Wayne/Batman e Frank Castle/Justiceiro.
Obviamente, uma continuação foi confirmada naquele mesmo período, mas, por conta da conturbada agenda de Affleck e Bernthal, ela demorou oito anos para sair do papel.
Diferente do original, “O Contador 2” pende mais para o lado pipoca e se destaca no quesito diversão, ao entregar um entretenimento leve e o começo de uma possível franquia de ação nos moldes de “Máquina Mortífera”.
Após o misterioso assassinato do agente Ray (J.K. Simmons) conter uma mensagem para contactar o contador Christian Wolff (Affleck), ele não apenas aceita participar das investigações, como também resolve chamar seu irmão Braxton (Bernthal) para ajudá-lo.
O roteiro de Bill Dubuque (também responsável pelo primeiro) não procura deixar o público refletindo demais ou dentro de um cenário tão complexo em torno de Christian ser portador da Síndrome de Asperger.
Como tudo isso já foi explorado no original, e já conhecemos tanto ele quanto Braxton, o único intuito agora é colocar a dupla em várias cenas de ação. Isso porque o diretor Gavin O’Connor continua mostrando que sabe fazer muito bem.
Mesmo que haja alguns breves alívios cômicos na trama, como na apresentação de Christian justamente em uma atividade para “unir casais”, e nas constantes discussões entre ele e Braxton, nada é jogado fora de timing.
Inclusive, é importante destacar que, embora demore um pouco para aparecer, o ator Jon Bernthal não apenas tem os melhores diálogos, como também rouba grande parte das cenas. Mesmo que Affleck esteja bem no papel, ele fica totalmente apagado ao dividir a cena com o eterno Frank Castle.
Como estamos falando de uma nova possível franquia cinematográfica, a inserção de Anaïs (Daniella Pineda) é um nítido exemplo disso. Temos uma vilã com camadas que são exploradas, além de uma interpretação que chega a dar medo, visto que ela não tem nada a perder.
Se precisa conferir o antecessor para adentrar melhor na premissa, isso é um tanto óbvio. Porém, a própria trama se mostra antológica ao não depender muito do material original para apresentar o novo enredo.
“O Contador 2” é um sinal de que ainda há espaço para franquias brucutus no cinema e, mesmo caminhando para um estereótipo genérico, consegue captar nossa atenção por duas horas.
