Desde sua concepção, pode-se dizer que “Dois Papas” foi uma das produções mais aguardadas de 2019. Comandada pelo brasileiro Fernando Meirelles (“Cidade de Deus”), o filme trata-se da história de um dos momentos mais delicados e polêmicos da Igreja Católica: A renuncia do Papa Bento XVI (Anthony Hopkins) e a posse do então Papa Francisco (Jonathan Pryce).

80% da narrativa é apenas os dois Papas conversando, em meados de 2012. Na época, enquanto Bento XVI enfrentava uma grande crise na Igreja (com os constantes casos de abuso sexuais de crianças, por Padres), Francisco vivia uma crise de Fé (considerando fortemente em abandonar o manto). Para não cansar o espectador, Meireles sempre procura intercalar o então presente, com o passado do segundo. Vemos então desde quando ele resolveu ter uma vida religiosa, até a época que ajudou nas vitimas da ditadura militar na Argentina. Além de cenas dos fatos “atuais” (morte do Papa João Paulo e a votação para o novo Papa), em formato de jornalismo.

O filme funciona de forma brilhante por um motivo claramente notável: a semelhança extrema de Hopkins e Pryce com os próprios Bento XVI e Francisco. Além de serem excelentes atores e desenvolverem uma excelente química, a dupla consegue facilmente comprar a importância do espectador em poucos minutos juntos. Mas a narrativa apela também para a comédia em momentos certos, fazendo a experiência ser agradável e não triste (como o próprio Bento XVI é apresentado).

“Dois Papas” é um excelente filme sobre um dos momentos mais controversos e polêmicos da história da Igreja Católica. É um filme OBRIGATÓRIO para este final de ano.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.