Crítica - Adoráveis Mulheres - Engenharia do Cinema
Assim como “Nasce Uma Estrela”, “Adoráveis Mulheres” é uma das histórias mais adaptadas para o cinema e televisão. O livro de Louisa May Alcott vem sido adaptado desde 1917 (quase no primórdio da sétima arte). Nos Eua, a história é basicamente como nosso “Iracema”, pois todas as escolas o colocam na grade para os alunos lerem, ou seja, é um enredo conhecido por todos estadunidenses.
A história gira em torno das irmãs March (Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh e Eliza Scanlen), onde em plena época de Guerra Civil, tem suas vidas abaladas por conta de amores, sonhos e problemas da época.
Dirigido e escrito por Greta Gerwig (“Lady Bird – Hora de Voar”), é notório que ela e seu elenco já tem apreço a essa história. O fato é favorável, pois a narrativa citada é criada de uma forma não linear. A estratégia é usada para fazermos um comparativo na trajetória das quatro, pois enquanto no presente elas estão com um problema, voltamos ao passado (sempre de forma discreta, não exibicionista) para entender o que a levou a tal situação.
Também devido a enorme intimidade que a própria Greta possui com a atriz que interpreta a protagonista, que é a Saoirse, o fato ajuda ainda mais na construção de Jo. Em poucos minutos de cena, denotamos que toda a trajetória da personagem pode ser muito bem aplicada em quaisquer contextos históricos.
Mas mesmo assim a atuação dela é deixada em escanteio quando se temos os nomes de Timothée Chalamet, Florence Pugh e Meryl Streep (essa então, rouba a cena com uma personagem hilária). O primeiro interpreta o galã extrovertido Laurie, que mexe com vários corações das irmãs. A segunda é interpreta Amy, a irmã com a personalidade mais difícil e a terceira fica a cargo da Tia “solteirona”. Todos eles conseguem transpor e viver com naturalidade seus personagens. Não nego dizer que o trio pode surpreender e algum deles aparecerem como indicados nas categorias de coadjuvante, no Oscar.
“Adoráveis Mulheres” é uma verdadeira lição de casa, sobre como fazer um remake. Com uma identidade própria e um elenco invejável, faturará diversas indicações ao Oscar.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.