Em tempos de reclusão mundial, a Netflix lançou este filme “O Poço” em uma época ideal. Felizmente esta produção espanhola tem feito muito sucesso na plataforma e conseguindo chamar atenção do espectador que está vivendo esta tensa quarentena.

O longa mostra a história de Goreng (Ivan Massagué) e Trimagasi (Zorion Eguileor), que acordam misteriosamente dentro de um poço, com um retângulo aberto no centro, mostrando outros andares contendo uma dupla de pessoas em cada um deles, seja acima ou abaixo. Eis que de vez em quando, este espaço vago é preenchido por uma plataforma com restos de comida, que devem ser partilhados com todos os outros andares.

A sinopse é basicamente esta, mas não há como se adentrar muito na trama, pois é um filme que serve para analisarmos e sentirmos o psicológico de seus personagens. O comportamento do ser humano, mediante a situações precárias, é o grande enredo desta produção. Comparações com cenas que vivenciamos atualmente é inegável não nos recordarmos das pessoas indo a mercados e comprando coisas para estocar, sem necessidade (onde infelizmente é algo que se tornou comum agora).

Porém o diretor Galder Gaztelu-Urrutia extrapola um pouco ao demonstrar o lado mais esdruxulo disso, com cenas regadas à violência (com gore excessivo), canibalismo (estou falando sério) e momentos desconfortantes. As sensações são inerentes e propositais, pois essa é a ideia do filme. O personagem de Massagué acaba sendo literalmente o nosso alter-ego nesta situação toda, pois a cada andar que ele passa, vemos que há um estilo e aprendizado novo a ser feito para conseguir viver de forma digna.

“O Poço” não é um filme feito para agradar a todos, muito menos para você que tem personalidade e estomago fraco. Se você gosta de refletir e analisar às situações atuais, é uma ótima pedida.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.