Crítica - Samantha! (1ª temporada) - Engenharia do Cinema
Eu não imaginava, nem pensava em abordar essa série aqui, mas ao conferi-la e absorver os conteúdos que a mesma abrange, mudei de ideia. Em uma geração onde constantemente sucessos dos anos 80 e 90 tentam “re-emplacar” o sucesso nas telinhas (“Fuller House” e “Will and Grace”) e nas telonas (“Exterminador do Futuro” e “Halloween”), o roteirista Filipe Valerim Serra resolveu criar para a Netflix uma personagem que reflete basicamente isso, chamada Samantha (vivida por Emanuelle Araújo, que já viveu a ícone Gretchen em “Bingo – O Rei das Manhãs”).
A personagem remete um pouco a algumas personalidades recentes da televisão nacional, junto a uma mescla de programas clássicos dos anos mencionados no primeiro parágrafo. Sua história é focada nos dias atuais, onde, depois de ter sido a criança mais famosa do Brasil há mais de 30 anos, hoje ela amargura o ostracismo e tenta voltar aos holofotes e ao sucesso, em meio a uma sociedade envolta aos diversos meios de comunicação e com uma linha de pensamento completamente diferente do passado. Com dois filhos pequenos e um ex-marido recém saído da prisão (Douglas Silva), ela tenta conciliar essas duas questões enquanto topa tudo para voltar ao seu sucesso no passado.
Um dos pontos favoráveis é o carisma de Araújo, que vive uma verdadeira antagonista, pois sabemos em muita das vezes que ela está errada, mas mesmo assim não deixamos de continuar torcendo para ela. Apesar de ter sido vendida como uma comédia, eu analisei a série na verdade como uma enorme crítica sobre os atuais valores da cultura pop, onde cada capítulo soube detalhar (mas não de forma exagerada) o que a sociedade vem valorizando. Vou pegar como exemplo dois momentos (não são spoilers) aos quais Samantha se vê envolta em um programa que vende a humilhação dos participantes como fator positivo aos índices de audiência e em outro com uma blogueira que vive para publicar tudo nas redes sociais. Tudo isso é apresentado de uma maneira satírica, aos quais nosso bom senso sabe que tem um pouco de verdade ali, o mesmo se reflete nas próprias personalidades dos filhos desta (Sabrina Nonata e Cauã Gonçalves) que representam a atual “geração iPhone”.
Com sete episódios com em torno de 30 minutos cada, “Samantha!” consegue se tornar mais uma série brasileira no serviço streaming Netflix que, provavelmente, irá ter um caminho duradouro no mesmo. RECOMENDO!
Nota: 8,5/10,0
Imagens: Reprodução da Internet